Sindicato de servidores de escolas públicas entrega ofício ao Governo pedindo o não retorno de aulas presenciais
De acordo com documento, escolas podem se tornar espaço que facilita a ampliação de contágio do coronavírus
15:58 | Ago. 28, 2020
O Sindicato dos Professores e Servidores da Educação e Cultura do Estado e Municípios do Ceará (Apeoc) entregou, nesta sexta-feira, 28, ofício à Secretaria da Educação (Seduc) solicitando o não retorno das aulas presenciais no Estado. A entidade alega que não existe experiência bem-sucedida no mundo de retorno às aulas presenciais sem a total contenção da Covid-19, doença causada pelo coronavírus.
O documento alerta que a abertura das escolas pode contribuir de forma determinante para o surgimento de uma segunda onda de contaminação do vírus no Ceará, afirmando que enorme parcela da população ficará vulnerável diante do risco da escola se tornar facilitadora de ampliação do contágio da Covid-19.
De acordo com o ofício, cabe aos Governos Estadual e Municipais a socialização de equipamentos tecnológicos para estudantes e professores, promovendo o pleno acesso a todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Leia trecho do texto na íntegra a seguir
“Dessa forma, PROFESSORES E ALUNOS, por meio de suas entidades representativas (Sindicato APEOC, Frente Norte e Nordeste pela Educação, UNE, UBES, UEE, ACES e UNEFORT) reafirmam que sem a contenção do vírus, sem que exista definição clara de estratégias seguras de garantia de saúde e práticas sanitárias, sem que haja a responsabilidade concreta do governo na garantia da qualificação dos espaços físicos das escolas com financiamento e continuidade, não há como se pensar em retorno às atividades presenciais", segue o documento.
De acordo com o presidente do sindicato, Reginaldo Pinheiro, o retorno das aulas ainda em setembro é considerado "precipitado", uma vez que o Ceará não atingiu taxa de imunidade de grupo segura para a volta das atividades. “Na dúvida não podemos voltar, só podemos voltar com a certeza, com a adequação do espaço escolar, ou com a vacina, ou com uma taxa de imunidade que nos garanta uma segurança de retorno às aulas presenciais”, afirma Pinheiro.
Também presente na entrega do documento, Jonathan Sales, representante da União Brasileira Estudantes Secundaristas (Ubes), argumenta que o aparato aos professores e alunos deveria ser prioridade do Governo do Estado. “É importante ao invés da gente estar retornando nesse momento, de crise da pandemia, a gente garantir que os estudantes tenham outras formas de garantir educação, garantir tanto a internet quanto o acesso à tecnologia”
Volta às aulas
A reabertura das escolas públicas e privadas no Ceará, com atividades presenciais, está prevista para começar em setembro, segundo o secretário da Saúde do Estado (Sesa), Dr. Cabeto. As informações foram cedidas pelo titular da Sesa em entrevista ao Jornal Jangadeiro nesta quarta-feira, 26. Cabeto explicou que uma proposta de retomada em fases foi estruturada pelo Governo do Ceará, mas deve passar por avaliação do Comitê Científico ainda nesta semana, antes de ser formalizada.
“Fizemos várias reuniões com os secretários municipais e estaduais de educação; com reitores, economistas e epidemiologistas, e agora nós vamos levar as propostas para esse comitê”, destacou Cabeto. Segundo o médico, entre as propostas há um plano de retomada das atividades presenciais nas redes de ensino, que segue os mesmos moldes do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais do Estado do Ceará.
Também na entrevista, Cabeto informou que a retomada das atividades presenciais deve seguir protocolo de testagem massiva para detecção do novo coronavírus em alunos, professores e funcionários das escolas. Para os profissionais do magistério, os exames devem ocorrer antes da reabertura gradual das redes de ensino.
“Há, sim, uma estruturação para testagem nas escolas de forma aleatória e de número importante, uma vez que a gente decida que essa reabertura vai acontecer. Estamos nos preparando para executar isso nas escolas estaduais, municipais e nas escolas privadas, para que a gente conheça qual é a circulação viral e bloquear surtos”, informou Cabeto.