Maioria dos presos que voltou ao Ceará de presídios federais é do CV ou PCC

Levantamento de O POVO aponta que 14 são da facção paulista e 6 da facção carioca. Inteligência dizia que eles planejaram ataques

A maioria dos presos recambiados para o Ceará do sistema penitenciário federal há duas semanas faz parte ou da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), ou da facção carioca Comando Vermelho (CV), conforme apuração. Entre os 28 que voltaram aos presídios cearenses, pelo menos 14 são do PCC, conforme levantamento com base em matérias jornalísticas, decisões judiciais e representações do Ministério Público Estadual (MPCE).

A reportagem ainda teve acesso ao Relatório de Inteligência 025/2019, da Coordenadoria de Inteligência (Coint), da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). O informe, datado de março de 2019, descreve a atuação de 11 dos presos pertencentes ao PCC que voltaram ao Ceará. Conforme a apuração da SAP, eles ocupam cargos importantes na estrutura da facção como “Sintonia Final”, a qual toda decisão da facção no Estado deve passar. O Relatório de Inteligência (Relint) recomendava o isolamento deles em presídios federais "a fim de impedir a comunicação e a divulgação de ordens por eles emanadas aos demais integrantes".

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Conforme a Coint, os presos, lotados na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto (CPPL III), estariam coagindo, ameaçando de morte e agredindo os internos que se submetessem aos procedimentos disciplinares adotados naquela unidade. "Soube-se ainda que as lideranças estariam apenas aguardando a saída dos agentes da Força Nacional Penitenciária para iniciar novos ataques dentro e fora dos complexos prisionais".

Conheça o perfil de atuação de cada um dos 28 presos que voltaram ao Estado:

Primeiro Comando da Capital (PCC)
Manoel Giliarde da Silva, conhecido como Cascão
Seria "Sintonia Final" da facção, conforme a inteligência da SAP. Tem passagens pela Polícia por lesão corporal, associação criminosa e tráfico de drogas. "Ressalta-se que o preso foi alvo da 'Operação Imperium Central' que tinha como objetivo combater o crime de tráfico de drogas e comércio de armas na cidade de Quixeramobim/CE, e mesmo estando custodiado no sistema prisional de origem, teria continuado exercendo o comando do tráfico de drogas", diz parecer do MPCE.

José Fabiano Nunes de Alencar, conhecido como Fabiano Dantas ou Pacajus
Apontado como "Jet da Rua A", da CPPL IV. Suspeito de ser o responsável por vários homicídios em Pacajus, entre eles, o de dois agentes penitenciários. Além disso, tem antecedentes criminais por roubo e formação de quadrilha. "Tem mantido acirrada guerra particular com seu primo PATRICK membro do Comando Vermelho em Pacajus que tem gerado grande número de homicídios".

Marcílio Alves Feitosa, conhecido como Tranca
Apontado como "Sintonia Final do Sistema". Tem antecedentes criminais por crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e homicídios. "É envolvido diretamente em uma ação cinematográfica no ano de 2012, recebendo drogas de um helicóptero lançadas no município de Acopiara/CE".

Marco Aurélio Flávio, conhecido como Ferrari
Apontado como "Geral do Estado". Tem antecedentes por crimes como roubo e tráfico de drogas.

Leandro de Souza Teixeira
"Importante liderança da facção", tem antecedentes criminais por tráfico de drogas e assaltos a banco e a carros-fortes, tendo como parceiro seu parente Márcio Perdigão, que já foi apontado como maior liderança do PCC no Estado.

Erivando Paulino de Sousa, conhecido como S10
Também apontado como "Geral do Estado". Tem antecedentes criminais por homicídio, posse ou porte ilegal, tráfico de drogas e roubo.

Francisco Eudes Martins da Costa, conhecido como Eudes Branco
Exerce a função de “Geral do Sistema” na facção. Tem antecedentes criminais por roubo, homicídio e tráfico de drogas. "Em breve relatório, o preso em questão é apontado pelas autoridades estaduais do Ceará como um dos cabeças de ataques a repartições e agentes públicos, notadamente, de Segurança Pública".

Leonardo Santos Bezerra, conhecido como W2
Também apontado como tendo "importante" liderança na facção. Tem antecedentes criminais por crimes contra o patrimônio e contra a vida.

Francisco Arielson de Sousa, conhecido como Professor
Apontado como "Sintonia Final do Sistema. Preso desde 2018.

João Wanderson dos Santos Sousa, conhecido como Porão, Hilux ou Blindado
Apontado como "Sintonia Final dos Salveiros". Preso desde 2017.

Paulo César da Costa Souza, conhecido como Cigano
Em relatório de 2019, a Inteligência da SAP dizia que ele tinha contato com diversos integrantes da facção pelo Whatsapp. "Paulo Cesar emite orientações de conduta, posta avisos e conversa com outros internos como se fosse liderança da facção".

João Vaz de Sousa Neto, conhecido como João Neto ou Kauê
Foi apontado na operação Saratoga como um dos principais traficantes do grande Bom Jardim "Frise-se que a atuação criminosa do grupo vai além da mercancia, perpassando por ameaças, homicídios, assaltos, ataques a equipamentos públicos, entre outros graves crimes", diz trecho da denúncia daquela operação.

Lúcio Bispo dos Santos
Seria responsável na facção pela "100%", ou seja, pela distribuição da cocaína de melhor qualidade. Acusado de crimes como roubo a banco e tráfico de drogas.

Willame Huaina Diógenes Cintra
“Batizado” em janeiro de 2017, é apontado como traficante com atuação na região do Vale do Jaguaribe. É réu pelo assassinado do soldado Hudson Danilo Oliveira, em 2016, e por ordenar o assassinato do subtenente Carlos Herbênio Almeida Bezerra, responsável por sua captura. Decisão de 2019 que o manteve no sistema federal dizia que o ele “ainda tem relevante potencial de desestabilizar o ambiente prisional estadual”.

Comando Vermelho (CV)

Renan Pereira da Silva
Apontado como um dos chefes do tráfico do Bom Jardim. Entre os crimes a que responde está uma chacina que vitimou quatro pessoas naquele bairro em 2017.

Euder de Sousa Bonethe, conhecido como Primo
Preso em 2011, acusado de ser responsável pelo transporte de drogas vindas de Bolívia e Paraguai com destinos na Europa e África.

Francisco Patrick Alencar Amaral, conhecido como Patrick Dantas
Apontado como traficante com atuação em Pacajus, onde mantém “guerra” com seu primo José Fabiano Nunes de Alencar, do PCC, responsável por várias mortes, conforme o MPCE.

Antônio Gerlando Sampaio, conhecido como Toinho das Armas
Considerado um dos principais fornecedores de armamento em Caucaia. Também responde por ameaças a juízes daquele município.

José Glauberto Teixeira do Nascimento, conhecido como Amarelo
Já foi apontado como “frente” (ou seja, liderança maior) do CV no Ceará e responsável pela expansão da facção no Estado em meados de 2015.

Fabiano Silva Lima
Preso em 2013 por tráfico de drogas e porte ilegal de arma. Havia sido transferido após os ataques de janeiro de 2019.

Guardiões do Estado (GDE)

Auricélio Sousa Freitas, conhecido como Celim da Babilônia
Apontado como chefe da facção GDE no bairro Barroso, é um dos réus pela Chacina do Forró do Gago, da qual seria um dos mandantes.

Daniel Junior dos Santos da Silva, conhecido como Júnior Play
Apontado na operação Vera Pax, de 2016, como um dos “conselheiros finais” da facção.

Marigebio Ferreira de Freitas, conhecido como Shureck.
Descrito pelo MPCE como traficante e homicida atuante no bairro Jangurussu.

Facção não identificadas

Adailo de Sousa Costa
Responde a crimes como roubo e tráfico de drogas.

Francisco Rafael Alves de Lima
Responde a crimes como porte ilegal de arma de fogo.

Márcio Henrique Jacome Lopes, conhecido como Márcio Pitbull
Enviado a presídio federal pela primeira vez em 2015, tem antecedentes criminais por roubo a banco, associação criminosa e porte ilegal.

Clauber Pereira de Sousa
Responde a crimes como tráfico de drogas. Atuaria na região de Aquiraz. Teve pedido de transferência em 2015.

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