Com 115 anos, cearense se torna a pessoa mais velha do Brasil; saiba quem são os supercentenários
Francisca Celsa dos Santos mora em Messejana, Fortaleza, e é a 24ª pessoa mais velha já registrada na históriaA pessoa mais velha da América Latina é uma cearense e mora em Messejana, Fortaleza. Francisca Celsa dos Santos, de 115 anos de idade, foi reconhecida como a pessoa mais velha do Brasil e da América Latina, além de ser a terceira mais velha no mundo, de acordo com o Grupo de Pesquisa em Gerontologia (GRG, na sigla em inglês).
Dona Francisca é uma das 28 supercentenárias (pessoas com mais de 110 anos) ainda vivas reconhecidas no mundo e a 24ª mais velha já registrada na história da humanidade. Acima dela, estão a francesa Lucile Randon, de 116 anos, e a japonesa Kane Tanaka, de 117. Nascida no dia 21 de outubro de 1904, dona Francisca ainda tem chances de ser uma das pessoas mais velhas do mundo.
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“O Brasil sempre foi considerado um país com muito potencial pra aparecimento de supercentenários”, explica Ricardo Lago, correspondente oficial da GRG no Brasil. De acordo com ele, o tamanho da população brasileira, o clima tropical e o fato de ser um país caracteristicamente cristão são fatores que propiciam a existência de muitos supercentenários brasileiros.
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“[Os brasileiros] somos a quinta maior população do mundo, assim como um país grande. Automaticamente, a probabilidade de mais pessoas chegarem aos 110 anos é maior”, afirma. De acordo com Ricardo, estima-se que uma em cada mil humanos deve chegar aos 110 anos de idade. “O clima quente também ajuda bastante. Já se sabe que em países de clima frio, como a Noruega, é mais difícil uma pessoa chegar aos 110 anos”, completa.
Documentação
Mas além dos fatores probabilísticos, prevalece um tecnicamente mais importante: a documentação. Ricardo revela que, “brincando”, a história do Brasil deve ter pelo menos 300 supercentenários. Infelizmente, a maioria deles não tem como comprovar a idade pela falta de documentos como certidão de nascimento. Ainda, há casos que a pessoa até possui a certidão, mas ela foi criada quando o idoso já tinha 50 anos. “Na época, a documentação era burocrática e cara, então as famílias aproveitavam para registrar todos os filhos de uma vez”, diz.
É por isso que o fato de o Brasil ser predominantemente cristão ajuda na prevalência de supercentenários. Conforme o profissional, o batizado virou obrigatório a partir dos anos 1900, fazendo com que boa parcela da população tivesse em mãos a certidão de batizado para comprovar a idade.
Além de documentos que comprovem os primeiros 20 anos de vida do candidato, os correspondentes oficiais da GRG também analisam documentos do meio da vida, como título de eleitor, certidão de casamento e de nascimento dos filhos; e da vida recente, como a carteira de identidade (RG). “O processo de reconhecimento é quase uma tese”, brinca Ricardo, um dos 50 correspondentes no mundo.
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Grandes fluxos migratórios, como ocorridos nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais, acabaram facilitando a existência de documentações no século XX. Esse é um dos motivos para os Estados Unidos da América (EUA), Japão e países europeus como Itália, França e Reino Unido terem mais registros de supercentenários.
Processo de monitoramento
“Estima-se que, no mundo todo, deva-se ter pelo menos 700 a mil pessoas vivas com 110 anos para cima”, calcula Ricardo. Mesmo assim, apenas 28 - todas mulheres - ainda vivas foram reconhecidas pela GRG. A dificuldade de alcançar as centenas está tanto na ausência de documentação, quanto no corpo de profissionais do grupo de pesquisa. Afinal, o processo de monitoramento é feito principalmente pela internet.
O correspondente relata que o grupo geralmente chega aos casos de supercentenários por notícias de veículos de comunicação. Por meio de ligações e e-mails, eles tentam alcançar as famílias e iniciar o processo de reconhecimento. No entanto, também é possível contatá-los para tal. Basta acessar o site Supercentenários do Brasil e contatar os correspondentes.
Estudos da GRG
O GRG iniciou como projeto na procura dos sucessores da francesa Jeanne Calment, de 122 anos (21/2/1875 - 4/8/1997). Até agora, Jeanne é a pessoa mais velha do mundo e ninguém conseguiu superar a idade dela. A partir daí, os integrantes da GRG começaram a questionar qual a idade limite dos seres humanos.
“O objetivo é exatamente tentar localizar todos os casos reais para uma questão de pesquisa. Qual o máximo que o ser humano pode chegar? Qual o limite hoje? Como reverter? Como melhorar a qualidade de vida?”, elenca Ricardo.