Protótipo de baixo custo criado em hospital de Fortaleza reduz risco de infecção em procedimentos

Estrutura criada por profissionais do Hospital Walter Cantídio promove barreira esterilizada entre o paciente e a equipe de profissionais de saúde, de forma a evitar novas infecções por coronavirus

21:44 | Mai. 14, 2020

Por: Redação O POVO
Estrutura já está sendo utilizada em alguns procedimentos cirúrgicos (foto: Reprodução/ Assessoria Hospital Walter Cantídio)

Pensando em criar nova camada de proteção para profissionais de saúde e pacientes expostos ao coronavírus, a equipe do Hospital Walter Cantídio (HUWC) desenvolveu equipamento de baixo custo que cria barreira durante procedimentos cirúrgicos e de intubação.

Nomeado de Covid-box, o equipamento é armação de aço inox esterilizável, colocada sobre o paciente, e recoberto por um plástico descartável de gramatura alta (90g/m2), também esterilizável. Artigo sobre o novo material foi publicado em revista médica internacional, e promete não atrapalhar processos cirúrgicos.

A equipe que preparou o equipamento é composta de cirurgiões gerais, torácicos, de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas, e profissionais de enfermagem e engenharia clínica, todos colaboradores do HUCW, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O cirurgião de cabeça e pescoço Márcio Studart explica que o equipamento é uma espécie de “caixa transparente estéril”, e, por meio de aberturas laterais que podem ser feitas pelos próprios cirurgiões, é possível ter acesso ao campo cirúrgico sem comprometer a ergonomia ou a segurança.

O otorrinolaringologista André Alencar conta que o protótipo tem custo acessível e pode ser replicável para hospitais públicos e privados. Artigo sobre o equipamento foi produzido e aceito pela revista Auris Nasus Larynx, importante periódico internacional na área de otorrinolaringologia/cirurgia de cabeça e pescoço, de forma a poder ajudar pesquisadores e profissionais de saúde em enfrentamento à pandemia. 

Wellington Alves, cirurgião, afirma que a equipe está realizando traqueostomias e procedimentos cirúrgicos geradores de aerossóis utilizando o protótipo, não havendo prejuízo técnico com a utilização. O médico ressalta que apenas as cirurgias consideradas essenciais estão sendo realizadas no HUWC.

A enfermeira Eliane de Paula afirmou que, no HUWC, foi criada uma força-tarefa chamada “Time de Vias Aéreas Cirúrgicas – Covid-19”, com o intuito de oferecer protocolos para realização de traqueostomias em pacientes suspeitos ou confirmados com o novo coronavírus, dando suporte às intubações difíceis. A equipe é formada por cirurgiões gerais, torácicos e de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas e profissionais de enfermagem do Centro Cirúrgico. O Serviço de Anestesiologia também está utilizando a Covid-Box, afirma Eliane.

O gerente de Atenção à Saúde do Hospital Walter Cantídio, Arnaldo Peixoto, avalia o método de proteção como extremamente importante em um momento como esse, em que meios mais acessíveis para proteger o profissional de saúde são visados. Para ele, o dispositivo desenvolvido deve ser considerado um método de proteção coletiva, sobretudo em instituições públicas. Já André Alencar adianta que está buscando parcerias com a indústria local para a produção em larga escala, a fim de ajudar outras unidades de saúde do Estado.

O cirurgião Wellington Alves afirmou, à Rádio O POVO CBN, que estão sendo utilizadas cerca de sete protótipos no HUWC, e mais um lote está sendo produzido para que seja utilizado em outros hospitais públicos e privados.