10% das notificações de dengue são confirmadas no Ceará até a primeira semana de fevereiro
Neste ano, o número de casos de dengue registrados no Ceará diminuiu 64% em relação ao passadoMonitoramento das últimas cinco semanas de 2020 mostrou que 1.687 casos de dengue foram notificados no Ceará. Desses, 173 foram confirmados e 380 descartados. Os números são do Boletim Epidemiológico de Arboviroses Urbanas divulgado na última quarta-feira, 18. É o primeiro do ano. Oito municípios apresentam alta infestação para o Aedes Aegypti.
Ricristhi Gonçalves, coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde do Ceará, conta que o monitoramento é feito mensalmente. O tema, segundo ela, é prioridade para o Governo. “A gente teve uma redução. É um cenário muito bom, já que estamos em período de chuva”, comemora.
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Os casos notificados aumentaram, o que para Ricristhi significa uma vigilância mais atenta. Segundo ela, isso também reflete no número de áreas infestadas, que também diminuiu em relação ao ano passado - de 20 municípios para 8. “Os municípios estão mais engajados. Até a semana 6, nossos casos estão abaixo do limite esperado”, complementa.
A Sesa realiza o monitoramento sistemático dos casos de arboviroses utilizando como ferramentas: a "Classificação da Incidência dos casos notificados de arboviroses (dengue, chikungunya e Zika)” e o "Diagrama de Controle da Dengue", conforme as orientações contidas no Plano Estadual de Vigilância e Controle das Arboviroses.
Casos notificados
A avaliação ainda demonstrou que, em relação a incidência de casos notificados, um município do Ceará apresentou um resultado alto. Três municípios registraram incidência média, já 50,0% (92/184) dos municípios têm incidência baixa e 47,8% (88/184) municípios não possuem registro de casos suspeitos.
Neste ano, o número de casos de dengue registrados no Ceará diminuiu 64% em relação ao ano passado. No mesmo período, em 2019, foram confirmados 480 casos - diferente dos 173 citados. Os casos notificados de dengue apresentaram um incremento de 16%. Os dados referentes à Chikungunya e Zika refletem um cenário de baixa ocorrência dessas doenças, em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para a coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde do Ceará, essa diminuição não significa que “estamos bem”. Segundo Ricristhi, há sim o risco de epidemia de dengue no Estado, caso os devidos cuidados não sejam tomados. “Precisamos estar vigilantes. É o período mais crítico do ano”, alerta.
Incidência
O Ceará apresenta incidência acumulada de casos notificados de dengue de 18,6 casos por 100 mil habitantes e, nas últimas cinco semanas, a incidência é de 16,7 casos por 100 mil habitantes. Com destaque para os municípios de Pacoti e Catarina que apresentaram altas incidências (acima de 300 casos por 100 mil habitantes).
Os casos confirmados de dengue ocorreram predominantemente nas faixas etárias de 20 a 39 anos, com 45,6% (79/173) dos casos, e no sexo feminino, com 53,7% (93/173) dos casos.
Fortaleza confirma cinco casos de Dengue com Sinais de Alarme
Quanto aos casos graves, até o momento foram confirmados seis casos de Dengue com Sinais de Alarme, distribuídos nos seguintes municípios: Fortaleza (05) e Caucaia (01). Não houve confirmação de caso/óbito por Dengue Grave (DG).
Segundo a Sesa, os casos estão sendo tratados de forma diferenciada, já que apresentam sintomas distintos. Essa diferenciação é feita através de uma classificação. “É uma classificação dependendo dos sintomas que as pessoas apresentarem. O tratamento exige todo um suporte maior de hidratação e medicamento”, explica Ricristhi Gonçalves.
Já existem vacinas disponíveis para a prevenção da arbovirose, mas conforme Ricristhi, é indicado que o dinheiro investido na compra das vacinas seja utilizado para prevenção de casos. “A gente tem vacinas, mas elas não servem para todos os sorotipos. O valor também seria muito expressivo, já que precisa de mais de uma dose. O custo é elevado”, justifica.
Em relação ao sorotipos de dengue, foi isolado o sorotipo DENV 1 em Pacoti e o sorotipo DENV 2 nos municípios de Fortaleza e Catarina. Os municípios de Brejo Santo e Ibicuitinga aguardam resultado de isolamento viral.
11 casos de Chikungunya confirmados no Ceará
Em relação aos casos de Chikungunya, foram notificados 168 casos suspeitos em 58 municípios. Destes, 6,5% (11/168) foram confirmados e 23,8% (40/168) foram descartados. Os casos confirmados são de pessoas com idades entre 10 e 69 anos e o sexo feminino foi predominante em 72,7% (8/11) dos casos. Não há registro de óbito confirmado até o momento.
Já os casos suspeitos de Zika somam seis até agora. Não houve casos confirmados ou óbitos pela doença e um caso foi descartado.
Infestação do Aedes aegypti
Oito municípios apresentaram alta infestação do Aedes aegypti, mosquito vetor causador da dengue. Em situação de média infestação, encontram-se 20,6% (38/184) dos municípios. Demonstraram índice de infestação satisfatório 75,0% (138/184) dos municípios, demonstrando resultados melhores que o mesmo período do ano anterior, em que 52,7% (97/184) dos municípios apresentaram índice de infestação para Aedes aegypti abaixo de 1%.
Para classificar os municípios em “alta infestação”, é preciso que eles apresentem mais de 3,9% do mosquito Aedes Aegypti em forma de larva ou pupa. Aqui no Ceará, as seguintes cidades estão nessa categoria: Araripe, Itapiúna, Canindé, Catarina, Caridade, Capistrano, Aracoiaba e Baturité.
Esses dados fazem parte do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa/LIA), onde todos os municípios do Ceará participaram.
Municípios que alcançarem indicadores receberão incentivo financeiro
Como forma de prevenção das arboviroses, além de campanhas, o Ceará deve conceder um incentivo financeiro para os municípios que alcançarem bons indicadores sobre o tema, como números menores de infestação, de casos e disponibilidade para investigá-los. “Essa temática é uma prioridade do Governo. A gente se preparou muito nesses últimos dois anos. Em 2019, não tivemos uma epidemia, o que era esperado. Agora, em 2020, fizemos uma série de ações”, complementa a Coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde do Ceará, Ricristhi Gonçalves.
A última grande epidemia do Estado aconteceu em 2017, conforme Ricristhi. A Sesa também se reuniu, no início do ano, com prefeitos de municípios para tratar o tema.
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