Ceará registra 2.257 assassinatos em 2019; 50% a menos do que no ano anterior

Em 2018, foram 4.518 CVLIs, que correspondem a homicídios doloso, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte

10:25 | Jan. 07, 2020

Por: Leonardo Maia e Gabriela Feitosa/ Especial para O POVO
34 mulheres foram mortas devido a seu gênero, número 13% maior em relação a 2018, quando foram registradas 30 ocorrências (foto: Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil)

Atualizada às 12h14min

Em 2019, houve uma redução de 50% nos índices dos chamados Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). Na categoria, estão inseridos homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Em 2018, foram 4.518 casos, número que caiu para 2.257 em 2019. Em um ano, foram 2.261 mortes a menos.

Até então, o melhor balanço havia sido registrado em 2009, quando ocorreram 2.262 CVLis.

A taxa por 100 mil habitantes também é a menor em dez anos. Em 2019, esse valor foi de 24,7 por 100 mil habitantes. Em 2018, esse número era de 49,8 por 100 mil habitantes. O indicador também caiu pela metade em um ano.

A distribuição por território também mudou nos últimos dois anos, com maior concentração de homicídios na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) do que apenas na Capital, em números absolutos. De acordo com Ricardo Moura, sociólogo e colunista do O POVO, o Estado tem vivido um fenômeno que ele denominou como "metropolização dos homicídios". Ele aponta que isso tem acontecido devido a mudanças na estrutura do crime organizado, na qual os municípios da RMF servem tanto como rota de fuga quanto de porta de entrada.

Resolutividade

Outro número divulgado pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) em entrevista coletiva na manhã desta terça, 7, foi o índice de resolutividade dos inquéritos policiais. Eles investigam mortes provocadas por crimes violentos.

Em 2019, a porcentagem foi de 39,7% - superior à taxa de 2018, quando 27,2% dos crimes foram elucidados. A média nacional desse índice se aproxima dos 9%. O número faz o Ceará ter um dos maiores índices de elucidação de homicídios do Brasil.

André Costa, titular da SSPDS, ressaltou que o aumento do índice aconteceu devido a um acréscimo de 50% do efetivo da Polícia Civil. Ele ainda lembrou do maior número de delegacias do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que passou de cinco para 12, e a criação de núcleos de investigação de homicídios no Interior, em cidades como Sobral, Maracanaú, Itapipoca e Juazeiro do Norte.

“A gente tenta cada vez mais tratar a segurança pública de forma científica, deixando de lado os achismos. É preciso analisar e entender os dados para manter as ações que têm contribuído para a redução e realinhar aquelas que não estão trazendo os resultados que a gente deseja”, pontuou o secretário.

CVLI de dezembro

O 12° mês de 2019 registrou uma redução de 37,5% de crimes violentos, com 205 casos - no ano anterior foram 328 no mês de dezembro.

Interior Norte e Região Metropolitana foram as regiões com as maiores retrações. A primeira apresentou 46,7% a menos, passando de 60 crimes para 32. Já a segunda, com taxa de redução de 45,6%, teve uma queda de 114 mortes para 62.

Na Capital, a retração foi de 42,1%, indo de 95 para 55. No Interior Sul, a queda foi de 5,1%, diminuindo de 59 para 56.

Gestão mais voltada para tecnologia, pesquisa e inovação

Presente na coletiva, Aloísio Lira, representante da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública do Estado do Ceará (Supesp) comentou como técnicas científicas têm colaborado com a área de Segurança Pública. Segundo Aloísio, esse resultado vem sendo construído desde 2017, com a adoção de uma política de ciências policiais.

Ou seja, a decisão de trazer a Academia para o lado da Segurança tem impactado de forma definitiva a forma como os crimes estão sendo lidos no Ceará, conforme Lira. "Junto com a SSPDS, observar quais os problemas do dia a dia e, a partir disso, traçar diagnósticos e tomar decisões pautadas em dados. Hoje, temos uma gestão voltadas a dados. Não é uma novidade no mundo, mas no Brasil é uma coisa inovadora. Isso faz com que a gente tenha uma gestão muito mais precisa", explicou