Ceará teve mais incêndios em 2019 do que em 2018; maioria dos casos é em vegetação
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio em vegetação é a principal causa do aumento do número de ocorrências. Ação humana é considerada massiva
14:09 | Dez. 25, 2019
O Estado do Ceará registrou mais ocorrências de incêndios em 2019 do que no ano anterior. Foram 8.682 casos entre janeiro e novembro deste ano, enquanto 8.421 ocorrências foram registradas durante o mesmo período de 2018. Em janeiro deste ano foram registrados 759 casos, 34,6% a mais do que no mesmo mês de 2018, que teve 564 ocorrências. As ocorrências diminuíram no decorrer do primeiro semestre, mas voltaram a subir a partir de julho deste ano.
As informações são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), colhidas por meio da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública. Todas as ocorrências de incêndio são registradas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança, a Ciops, pelo número 190.
A diferença dos números de incêndios a partir de agosto, por exemplo, é drástica. Foram 1.407 ocorrências no oitavo mês de 2019, diante dos 1.155 casos em agosto de 2018. A variação dentro deste ano é imensa: o mês de março, por exemplo, teve apenas 181 ocorrências registradas. Em abril, 227 e 270 em maio.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio em vegetação é a principal causa do aumento do número de ocorrência. As causas estão relacionadas às condições climáticas: período mais quente, seco e com muitos ventos. Além disso, há quem aproveite a menor ocorrência de chuva para limpar terrenos com uso de queimadas, mesmo sem preparo ou autorização.
Para se ter uma ideia, no dia 22 de agosto último, O POVO noticiou que cinco incêndios em vegetação foram contidos por bombeiros em menos de oito horas no Ceará. A principal ocorrência foi registrada no município de Limoeiro do Norte, município distante 202,7 km de Fortaleza. Uma vasta área de vegetação foi tomada pelo fogo e já se aproximava de diversas residências quando as chamas foram debeladas.
Depois, em outubro, um incêndio atingiu área de vegetação na Colina do Horto, onde fica a estátua do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, distante 489,5 km da Capital. O fogo começou no fim da tarde do dia 26, um sábado, e foi controlado por volta das 21 horas. Ainda assim, em casos como este, equipes do Corpo de Bombeiros precisam retornar ao local para apagar eventuais focos.
Menos chuvas, mais calor
Ainda conforme o Corpo de Bombeiros, com a diminuição das chuvas cai também a umidade na vegetação e no solo. Outro fator é o aumento dos ventos, que contribui na propagação mais rápida desses incêndios. "Podemos dizer que 99% dos incêndios são causados pela ação humana", diz o Corpo dos Bombeiros, em nota. "Além disso, a caatinga arbustiva do Interior também contribui. Praticamente todas as folhas caem das plantas, queimando fácil e dando continuidade ao fogo. Por não ser densa, fechada, ela também propicia que os ventos percorram mais fácil e carreguem o fogo".
O Corpo de Bombeiros afirma que tem feito esforços para atender a grande demanda de combate a incêndios, com a formação de novas guarnições de serviço e uso de tecnologias para auxiliar, a exemplo de drones que monitoram as áreas e o mapeamento pelo GPS. Outras ações citadas em nota pelo Corpo de Bombeiros são o uso de viaturas mais leves e motossopradores, além da qualificação desses bombeiros, com treinamentos durante todo o ano.