Ceará é um dos estados do Nordeste a apresentar piche no litoral

O fenômeno ocorre em vários estados do litoral nordeste, como Pernambuco, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte há cerca de um mês." No Ceará, faixas de areia das praias de São Gonçalo do Amarante e Trairi apresentaram as manchas

15:23 | Set. 24, 2019

PICHE encontrado na Praia do Japão, no município de Aquiraz (foto: Arquivo pessoal/ Mariana Barroso)

Todos os municípios do litoral cearense deverão ser alertados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre as manchas de piche que têm aparecido nas faixas de areia das praias. O fenômeno também já foi registrado em outros estados do Nordeste, como Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. No Ceará, peixes e águas-vivas foram encontrados mortos na Prainha, Beach Park, Paracuru e Aquiraz por conta do material.

Em entrevista ao O POVO Online, o Ibama afirmou estar fazendo monitoramento da praia desde a semana passada. O motivo do aparecimento é desconhecido, até o momento. "Pode ter causas diversas. Pode ser rompimento de dutos, vazamento de plataformas. Pode ser navios que descarregaram. Foram coletados amostras e estão fazendo análise", explica Miller Holanda, chefe da divisão técnico-ambiental do instituto.

"O Ibama é o órgão que aciona os planos de contingência, os planos de ações. Nós estamos vendo quais protocolos seguir. A Marinha do Brasil está acompanhando. Deve sair um plano nacional em que nós vamos dar diretrizes das ações que vão intervir nessa ocorrência", conta Miller.

Para o Ceará, o órgão deve adaptar um plano urgente para que o material seja rapidamente recolhido. Esse plano deve ser finalizado até a quarta-feira, 25, e enviado aos municípios do litoral cearense contendo informações sobre o destino correto desse material, por exemplo. "Vamos mobilizar 100% dos municípios do litoral, para que, (mesmo) as (cidades) que não foram atingidas, (fiquem) preparadas caso venha a ocorrer essas manchas", conclui Miller.

Foi visitando a Praia do Japão, no município de Aquiraz que, no último domingo, 22, a estudante de direito Mariana Barroso teve contato com o piche. Após entrar no mar, a jovem confundiu a substância com uma pedra e chegou a tocá-la. "Peguei na minha mão, ela se desmanchou, partiu no meio", descreve. Segundo Mariana, o tamanho das manchas variavam. Algumas eram do tamanho de sua mão, outras, conforme vídeo enviado ao O POVO Online, chegavam a ser do tamanho de um carro.

Confira o vídeo:

A estudante chegou a começar a recolher o material da praia, mas percebeu que poderia ser perigoso. Os funcionários das barracas da praia onde estava comentaram que as manchas estavam lá há um bom tempo. "Eles até já sabem como tirar a substância das mãos. Só consegui tirar depois que eles me deram azeite para passar", afirma Mariana. O sentimento da jovem, como ela mesmo descreve, é de "impotência e revolta". 

Investigação sobre as manchas no Nordeste

O vazamento de óleo em refinaria de Pernambuco foi desmentido como sendo o motivador das manchas. A Agência Estadual de Meio Ambiente em Recife explicou durante coletiva que o incidente não tem relação com os casos. De acordo com Eduardo Avelino, diretor de Controle de Fontes Poluidoras da empresa, os casos não têm ligação com o incidente do dia 27 de agosto, quando vazou óleo no local de processamento da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Porto de Suape. “Esse é um óleo característico de lançamento de navio, infelizmente alguns navios acabam lançando esse material em alto mar e por conta das correntes marítimas acabam chegando na orla das cidades”, explicou.