Grupo de Valorização Negra do Cariri realiza pesquisa sobre população negra na região

A pesquisa é feita a partir do método da miolagem, que é um referencial teórico-metodológico com base nas oralidades negras, desenvolvido pelo Terreiro das Pretas, um dos núcleos do Grunec

18:10 | Set. 04, 2024

Por: Bárbara Mirele
Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) realiza pesquisa em relação a população negra no Cariri cearense (foto: Projeto Oliveiras)

Em parceria com o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, o Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) lançou, em agosto, a pesquisa “A Presença Negra no Cariri Cearense”. A pesquisa tem como objetivo contribuir à difusão da memória coletiva sobre a presença negra na região do Cariri.

A pesquisa surgiu em resposta à relutância em aceitar como oficial uma narrativa que reconhece a relevância da cultura negra na região, iniciando um movimento de recuperação da história e dos patrimônios da cultura negra caririense.

Segundo Ana Paula dos Santos, doutora em Educação e tutora da pesquisa, foi utilizado o método da miolagem, que consiste em “uma tecnologia social desenvolvida pelo Terreiro das Pretas”, um dos três núcleos do Grunec.

De acordo com Ana Paula, a presença negra no Cariri é percebida através de diversos aspectos, histórico, geográfico, religioso e cultural.

“Nesse momento, o Grunec reúne seus membros pesquisadores em torno de fontes documentais, que datam do período Cariri Império e início da República, para compreender a presença da população negra nesse território", detalha.

Leia também | Um reencontro com a história do povo negro e indígena do Cariri

Sobre o Grupo de Valorização Negra do Cariri

Voltado à luta por equidade étnico-racial, o Grunec atua há mais de 20 anos no Cariri. Os trabalhos são voltados aos quilombos, comunidades negras rurais e periferias, buscando promover políticas que melhorem condições de vida, moradia e dignidade dessas populações. O grupo possui três núcleos.

O Terreiro das Pretas, um núcleo que pensa em ancestralidade, territorialidade e identidade negra a partir do baobá e pelo quintal afro-ecológico; o Projeto Oliveiras, em que pensam as juventudes negras e desenvolvem ações no campo audiovisual e da fotografia; e o EduCaErê, que pensa na infância negra em espaços urbanos e rurais, escolar e não-escolar, na região do Cariri.

Junto às suas ações de base, o grupo também se destaca na realização de atividades formativas, marchas e atos públicos que denunciam o racismo e a violência. A atuação do grupo também vai além do campo étnico-racial, colaborando ativamente com outros movimentos sociais da região, incluindo sindicatos, movimentos feministas, estudantis e LGBTQIA+.

Quem pode participar

De acordo com a vice-presidente do Grunec, Janayna Leite Silva, são feitas partilhas públicas da pesquisa através de ciclos formativos em parceria com o Centro Cultural do Cariri. “Todas as pessoas estão convidadas a estarem conosco construindo essa memória”, afirma.

Ainda segundo ela, apesar da pesquisa estar no início, já é possível perceber nas partilhas a opinião positiva das pessoas.

Segundo Janayna, “pensar o futuro é estar em um movimento sankofa — que significa olhar para trás, buscar sua ancestralidade". "É preciso revisar o passado, ressignificar o presente e construir o futuro, em que todas as pessoas possam dignamente usufruir do bem-viver, inclusive nós, povo preto”.

A cerimônia de lançamento contou com o “II Ciclo Formativo de Miolagem – A Presença Negra no Ceará: para além da escravidão, abolição e invisibilidade”, com a participação dos professores Hilário Ferreira e Diego Santos.

Serviço


Pesquisa "A Presença Negra no Cariri cearense"

Pesquisa – IV Ciclo Formativo de Miolagem
Palestra: Os conhecimentos técnicos e tecnológicos nos engenhos de cana-de-açúcar do Cariri cearense”, com o Prof. Rafael Ferreira da Silva
Quando: 5/9, às 14 horas
Local: Sala de Formação 02

Pesquisa – V Ciclo Formativo de Miolagem
Palestra: Africanidades Caririenses com Profª.Drª Cícera Nunes e Maria Natalha de Lima Grande
Quando: 12/9, às 14 horas
Local: Sala de Formação 02

Pesquisa – VI Ciclo Formativo de Miolagem
Palestra: Terreirizando a memória ancestral cratense a partir de narrativas umbandistas com Prof. Samuel Morais Silva e Pai Francisco de Xangô
Data: 3/10, às 14 horas
Local: Sala de Formação 02

Pesquisa – VII Ciclo Formativo de Miolagem
Com os professores Thiago Florência e Carlos Dias
Data: 10/10, às 14 horas
Local: Sala de Formação 02