Menina Benigna: relíquia de 1° beata do Ceará sai em peregrinação
A peregrinação com a presença da relíquia ocorre em celebração ao processo de beatificação da mártir, marcado para outubro deste ano
23:28 | Ago. 19, 2022
Um livro que teria pertencido a Benigna Cardoso da Silva, conhecida popularmente como Menina Benigna, está sendo levado para percorrer as mais de 50 paróquias da região do Cariri.
A peregrinação com a presença da relíquia ocorre em celebração ao processo de beatificação da mártir, marcado para o dia 24 de outubro deste ano. Carirense será a primeira beata da história do Ceará.
Segundo informações do repórter Guilherme Carvalho, para a rádio CBN Cariri, há cerca de três meses o livro passou a ser levado em peregrinação pelas paróquias que formam a Diocese do Crato.
Até esta sexta-feira, 19, a obra já tinha visitado 45 instituições desse porte.
De acordo com o Padre Paulo Evangelista, coordenador da Comissão Missionária para Beatificação, o momento de visitação ocorre também como meio de "despertar" a devoção da população sobre a vida da jovem.
Além disso, ação seria uma forma de divulgar de forma mais "profunda" a história da mártir.
"(O objetivo) é fazer com que a história da Menina Benigna seja melhor aprofundada e mais conhecida, como também as suas virtudes. De modo que despertem no coração do povo de Deus a devoção mais aprofundada sobre a vida desta serva de Deus", pontuou o sacerdote.
Relíquia de segundo grau
Ainda segundo o pároco, a peregrinação também é realizada "em alusão aos 81 do martírio da jovem", que foi brutalmente assassinada em 1941, em Santana do Cariri.
Benigna morreu esfaqueada por um adolescente, após se recusar a ter relações sexuais com ele. Ambos tinham 13 anos na época.
Segundo o padre Paulo, dias antes de morrer Benigna já era perseguida pelo seu assassino. Ela teria procurado pelo padre Cristiano Coelho, pároco da cidade na época, e contado sobre as perseguições que estava sofrendo. O sacerdote então lhe entregou o livro para que ela "se apoiasse na palavra de Deus".
Logo após a morte da garota, o livro retornou ao padre. A obra é considerada uma "relíquia" por estar associada a alguém visto como "santo".
Isso porque, muito embora ainda não tenha sido beatificada, Benigna é tida por muitos católicos da região como uma santidade e "heroína da castidade", por ter morrido se recusando a ter relações sexuais.
"Outro objetivo (da peregrinação com o livro) é precisamente animar as comunidades e as paróquias para se organizarem para celebrarmos no dia 24 de outubro a beatificação da serva de Deus", explicou ainda o sacerdote Pedro.
O padre também afirma que há relíquias de primeiro grau, como fragmentos de ossos da jovem, mas esses só serão expostos após a sua beatificação.
O processo de santificação da Menina Benigna foi agendado em 2011 pela Arquidiocese do Crato. Em 2013, a jovem foi proclamada como “Serva de Deus” e, seis anos depois, o Vaticano reconheceu o martírio dela.
Esse reconhecimento consagrou Benigna como mártir, título dado para quem viveu e morreu heroicamente, exercendo um testemunho de santidade. O passo foi importante para que o processo avançasse para a etapa de beatificação.