Juazeiro do Norte: transporte público municipal segue paralisando linhas na cidade
Paralisação se deve por problemas no cumprimento do contrato de concessão com a prefeitura de Juazeiro do Norte. O problema vem persistindo desde a última gestão, há cerca de três anosA Viametro Cariri, responsável pela operação de rotas municipais em Juazeiro do Norte, informou nesta quarta-feira, 4, que pretende continuar paralisando suas linhas urbanas na cidade. O diretor executivo da empresa, André Eskinazi, explicou que a decisão se deu por problemas no cumprimento do contrato de concessão com a prefeitura da cidade, onde as cláusulas não foram cumpridas de forma a não garantir reajustes nas tarifas conforme fórmulas paramédicas e revisões tarifárias.
Em entrevista à Rádio CBN Cariri, o diretor alega ter notificado a prefeitura mais de cinco vezes, com a presença do Ministério Público, mostrando que poderia chegar ao ponto do serviço não ter mais continuidade pelo limite de dívidas, além dos próprios funcionários que pararam de receber garantias trabalhistas acordadas em convenção coletiva. A demora nos trâmites de negociação do subsídio inviabilizam a empresa de esperar mais tempo, levando em conta que há risco de demissão dos empregados e o não pagamento de combustível por falta de verba. O problema vem persistindo desde a última gestão da prefeitura, há cerca de três anos.
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“Por uma prevaricação por parte da prefeitura, não foi atualizado o valor da tarifa. Enquanto isso, íamos notificando ao longo dos anos pelo cumprimento, sendo até motivo de ação judicial contra o órgão, porque ele não estava corrigindo os valores monetários do reajuste tarifário. Então, ficamos em uma situação de não conseguir honrar o tipo de operação, além da empresa ir se desfazendo, piorando a qualidade do serviço em algumas linhas, tendo que abandonar algumas outras também, como bairro São José e João Cabral”, explica André.
Desde sábado, 31, a linha entre o centro e o bairro Tiradentes também deixou de operar, com previsão de novas paralisações até que todas as rotas sejam cessadas. “Com a mudança de gestão, apresentamos uma solução à prefeitura que pudesse manter o serviço na transição do governo. O novo prefeito pegou a proposta que a empresa tinha, que era manter a tarifa nos moldes atuais, sendo que seria acrescentado um valor através de um subsídio direto da prefeitura para que pudesse manter o nível de operação. Enquanto isso, seria discutido no período de seis meses qual seria o novo modelo de transporte em Juazeiro”, esclarece Eskinazi.
A solução apresentada pela Viametro foi negociada pelo novo prefeito de Juazeiro do Norte, Gledson Bezerra (PODE), onde ficou acordado um aporte de R$ 200 mil. Metade seria uma contrapartida do Governo do Estado, enquanto a outra metade ficaria por parte da prefeitura do município. A medida garantiria serviço de qualidade durante seis meses, por meio da manutenção da tarifa, para que fosse encontrada uma solução que representasse a mudança de conceito do sistema de transporte.
“Foi encaminhado um projeto de lei à câmara dos vereadores permitindo que fosse repassado à empresa o valor de R$ 100 mil, enquanto o Governo do Estado mandaria mensagem para a Assembléia, também aportando o restante do valor que seria para os meses de julho de 2021 a janeiro de 2022. Infelizmente, a gente não obteve êxito na aprovação do projeto para a prefeitura, porque houve um trancamento de pautas por conta de outros projetos, e não conseguimos ter a viabilidade desse subsídio”, conta o diretor.
Dessa forma, a operação da empresa foi inviabilizada, de forma que as linhas não podem continuar sendo operadas da maneira que eram. Algumas já foram desativadas e a estimativa é desativar as operações do bairro Aeroporto a partir do próximo sábado, 7.
“Ainda temos como manter [a linha do bairro Aeroporto] pelo horário da manhã, de forma precária, para não impactar tanto a população, porque ainda temos um estoque de combustível e alguns funcionários estão retornando de suspensão de jornada de trabalho. Mas isso é muito curto, é só um paliativo para que a gente não sinta tanto”, completa André.
Com relação à paralisação total de linhas, o diretor aponta o risco de que uma medida mais drástica possa causar o afastamento dos funcionários da empresa sem que a situação se resolva. Por meio das redes sociais, Gledson Bezerra se pronunciou na última sexta-feira, 30, informando que foram asseguradas medidas para solucionar o caso, pedindo para a Viametro para continuar operando, apesar da situação. O executivo ainda se referiu ao caso como um problema vindo da gestão passada.