5G no Brasil: como funciona?

A nova geração da internet móvel oferece velocidade dez vezes superior ao sinal mais rápido atual. Tecnologia está sendo implantada aos poucos no país

A entrada do país no mercado do 5G é um passo importante para a melhoria dos serviços de telecomunicações brasileiro, já que ela permite maior número de dispositivos ligados ao mesmo tempo, com mais capacidade, estabilidade e velocidade.

A nova tecnologia é a quinta geração de conexões de internet móveis com maior alcance e sucede as redes 4G, 3G e 2G. O prazo para todas as capitais receberem o 5G é 29 de setembro de 2022, e até dezembro de 2029 ele estará em todas as cidades brasileiras.

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O 5G já está funcionando para alguns smartphones compatíveis com a tecnologia e causado alvoroço. Quer saber se alguma coisa vai mudar no seu acesso à internet? Vamos explicar tudo direitinho no texto!

Tecnologia 5G: o que significa?

A tecnologia 5G é a nova geração de internet móvel, ou seja, uma evolução da conexão 4G atual. Mais do que isso, ela é a promessa de uma revolução tecnológica, pois trará mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduzirá o tempo de resposta entre diferentes dispositivos e tornará as conexões mais estáveis.

Ou seja, o usuário também vai usufruir da conexão de objetos à internet, tais como celular, relógio, TV, carros e até semáforos. Essas inovações já são utilizadas com a atual tecnologia 4G, mas é esperada uma significativa melhoria na conexão, possibilitando outros produtos inovadores e utilidades domésticas.

Como funciona a internet 5G?

As redes 5G funcionam por meio das ondas de rádio, assim como as outras redes móveis. No entanto, a abrangência dessa quinta geração é bem maior do que as anteriores (entre 600 e 700 MHz, 26 e 28 Ghz e 38 e 42 GHz).

As antenas da rede 5G são acopladas às antenas já existentes mas adaptadas para funcionar paralelamente à nova infraestrutura de conexões. As antenas menores, com alcance de poucos metros, repetem o sinal dos dispositivos locais e o redireciona para uma estação central.

Já as antenas replicadoras, aquelas instaladas em postes ou em prédios altos, são aquelas capazes de cobrir distâncias de até 250 m. A novidade é um mecanismo que focaliza o sinal em vez de emiti-lo para todas as direções, e essa direção será definida pela demanda de dispositivos que requisitarem a conexão. Com isso, a capacidade de cada antena será utilizada de forma inteligente.

O que muda com a tecnologia 5G

O chamado 5G puro vai permitir velocidade móvel de até 1 giga por segundo (para efeito comparativo, a velocidade 4G varia entre 20 Mbps e 40 Mbps, em média).
Isso significa que assistir a filmes, fazer downloads e mesmo jogar online pelo smartphone vai ser uma experiência tão cômoda quanto usar a rede wifi de casa, sem travamentos ou demora no carregamento.
Resumindo: além de ser potencialmente 100 vezes mais rápido do que o 4G, o sinal 5G permite que os uploads e os downloads ocorram praticamente em tempo real. e ainda tem a vantagem de ser uma tecnologia de baixo consumo, o que faz com que os dispositivos conectados a ela tenham baterias com maior vida útil.

O que significa Mbps, Gbps, MHz e GHz?

Antes de tudo, é preciso explicar que Hertz é a unidade de medida de frequência de ondas e equivale a um ciclo por segundo. Assim, temos a megahertz (MHz), que representa 1 milhão de hertz (1 milhão de ciclos por segundo), e a gigahertz (GHz), que representa 1 bilhão de hertz (1 bilhão de ciclos por segundo).

Já o bits por segundo (Bps) é a menor unidade medida de transmissão de dados por segundo. Seguindo a mesma lógica, a megabits por segundo (Mbps) representa 1 milhão de bits por segundo, ao passo que a gigabits por segundo (Gbps) é uma taxa de transferência de dados que representa 1 bilhão de bits por segundo.

O que é a rede privada 5G do governo?

Em 2021, o governo federal incluiu no leilão do 5G a exigência da implantação de uma rede de uso exclusivo, ou seja, haveria duas redes 5G: uma para a população, e a outra privativa do governo federal, com maior segurança, e restrita ao Distrito Federal.

Uma rede 5G privada tem conectividade unificada, serviços otimizados e meio de comunicação seguro, permitindo parâmetros de qualidade em relação à cobertura, confiabilidade e privacidade.

A frequência do 5G para redes privadas é a mesma usada pelo consumidor, com a diferença de que as empresas (sim, as empresas privadas também querem usá-la!) podem contratar uma fatia exclusiva da frequência e construir infraestrutura sob medida para atender suas necessidades tecnológicas.
Principais empresas donas do 5G

As empresas autorizadas a utilizar a frequência 5G com cobertura nacional são a Claro, a TIM e a Vivo, além de outras operadoras regionais que compraram frequências locais.

Algumas operadoras fazem propagandas sobre o 5G desde 2020, quando ainda não se tratava do “5G puro" e sim do 5G DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro), uma espécie de transição entre a quarta e a quinta geração da rede. Essa tecnologia usa as mesmas frequências do 4G mas oferece uma velocidade maior, ainda que não chegue ao máximo do 5G.
Antecipação da chegada do 5G

A chegada do 5G estava prevista para ocorrer apenas no final de setembro de 2022. A antecipação ocorreu porque o número de pedidos para instalação de antenas foi o triplo do esperado.

A ativação ocorreu primeiramente em Brasília, no dia 6 de julho de 2022. Em Fortaleza, a previsão de chegada é para o mês de agosto, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em audiência realizada na Assembleia Legislativa de Fortaleza.

A antecipação da chegada do 5G no Brasil ocorreu porque segundo as regras do edital que regula a implementação da tecnologia, seriam necessárias, no mínimo, 462 estações na primeira fase (uma antena para cada 100 mil habitantes das capitais brasileiras).

No entanto, a Anatel recebeu muitos pedidos de licenciamento em pouco tempo, o que fez com que o Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência (Gaspi), ligado ao órgão, liberasse logo a ativação do sinal.

Quais os benefícios das redes 5G?

A evolução com a rede 5G trará uma série de benefícios que vão para além dos individuais, ou seja, não vai ficar restrita apenas aos usuários de smartphones. Veja os principais:

Mais estabilidade na conexão

O aumento na velocidade da rede 5G significa que mais pessoas poderão estar conectadas ao mesmo tempo, sem perda da qualidade do sinal (quem nunca ficou sem conseguir mandar uma simples mensagem no meio de uma grande aglomeração, como shows, por exemplo? Pois é, o 5G deve dar um jeito nesses “apagões” momentâneos da internet móvel).

Essa melhoria também permite a interconexão de vários equipamentos em casa ou no escritório, o que possibilita acesso das famílias aos produtos inovadores e utilidades domésticas que ainda não são utilizados no país pela baixa capacidade de conexão.

Maior velocidade

Por causa da velocidade ser maior do que as redes móveis existentes atualmente, a 5G permite a possibilidade de estudos e trabalho remoto com maior qualidade nas videoconferências, por exemplo, além do acesso à medicina à distância, incluindo a realização de procedimentos cirúrgicos remotos.

A mobilidade urbana e o desenvolvimento de cidades inteligentes também podem se beneficiar o funcionamento de carros autônomos, transporte público mais inteligente e estradas mais seguras.

Menores impactos ambientais

O aumento das taxas de transmissão e o consequente aumento de velocidade da internet gerada pelo 5G trará uma menor latência, que é o tempo (atraso) dos comandos que o usuário faz (por exemplo, o tempo que o seu celular leva para acessar um site).

Isso significa uma maior eficiência espectral, que significa um aumento da quantidade de dados transmitidos por unidade de espectro eletromagnético, e consequentemente, uma maior eficiência energética.

Traduzindo em miúdos: com essa tecnologia mais avançada, os caixas eletrônicos, por exemplo, serão cada vez mais constituídos por menos componentes, reduzindo seu tamanho consideravelmente e diminuindo o consumo de energia.

Pontos negativos do 5G

A rede 5G vai trazer muitos benefícios, é claro, mas nem tudo são flores. Veja a seguir quais os aspectos negativos:

Alto custo de investimento

A infraestrutura para a utilização da tecnologia 5G não sairá barata porque exigirá a instalação de cinco a 10 vezes mais antenas que no 4G. Na Europa, as estimativas para os custos de instalação da nova infraestrutura de antenas estão entre 300 e 500 bilhões de euros.

Atualmente o 5G já está disponível em 34 países: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Suécia, Suíça, Finlândia, Japão, China, Taiwan, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Kuwait, Austrália, Noruega e Alemanha. A Coreia do Sul foi o primeiro país a lançar o 5G, em abril de 2019.

Necessidade de novos aparelhos

Como acontece em toda situação na qual uma tecnologia nova chega, os aparelhos receptores do sinal 5G serão lançados com preços pouco acessíveis e, com o passar do tempo, ficarão mais baratos.

À medida em que o custo de fabricação for diminuído, outros dispositivos, como eletrodomésticos e wearables — os chamados dispositivos que podem ser usados, como pulseiras e relógios inteligentes, por exemplo — possam se conectar à rede também.

A tendência é que o 5G possa, em um futuro próximo, substituir até mesmo as redes residenciais de Wi-Fi.

Implantação lenta

Segundo o mapa da telefonia móvel no país por tecnologia (2G, 3G e 4G) atualizado pela Anatel em agosto deste ano, 90,49% dos moradores do país recebem cobertura 4G. No entanto, há diferenças regionais: enquanto 99,66% dos moradores do Distrito Federal acessam o 4G, no Amazonas a diferença cai para 0,82% do estado. Ou seja, a cobertura no Brasil, por si só, deixa a desejar mesmo nas tecnologias anteriores, quanto mais na 5G.

Para os usuários, a questão é mais financeira, já que a nova tecnologia só funcionará em aparelhos e planos de telefonia que estão adequados à novidade. Como não é todo mundo que tem poder aquisitivo para trocar de smartphone durante uma crise econômica, a tendência é a de que boa parte da população espere mais algum tempo para ter acesso ao 5G (ou mesmo nunca consiga cobertura na localidade de residência).

Como saber se meu aparelho aceita o 5G

Assim como aconteceu na época da evolução do 3G para o 4G, os smartphones precisam vir com um receptor pronto para a nova tecnologia logo ao sair da fábrica, o que significa que o seu aparelho atual pode não ser compatível com a rede.

Em 2021 foi divulgada uma lista de aparelhos disponíveis que possuíam compatibilidade com a tecnologia, mas essa relação está, evidentemente, em atualização. Confira os modelos que atualmente possuem a tecnologia e aprenda a acompanhar as atualizações no site da Anatel.

Apple, Samsung, Motorola, Xiaomi, Realme, TCL, Infinix e ASUS possuem aparelhos compatíveis com preços que vão de R$ 1.333 (Samsung A23 5G) a R$ 12.599 (Galaxy Z Fold 2 5G), de acordo com preços cotados em agosto de 2022.


Conclusão

A chegada da rede 5G representa não só uma mudança na tecnologia mas também uma vasta gama de possibilidades para o desenvolvimento social, seja por causa do que ela vai propiciar em termos de melhorias, seja pelas transformações na economia que o aprimoramento tecnológico vai permitir.

Diversas instituições de fomento à pesquisa e entidades voltadas para aprimoramento profissional devem unir forças para oferecer capacitações voltadas ao 5G. No Ceará, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) firmou parceria com o governo do estado para treinar mais de cinco mil profissionais até 2023, como mostra a matéria de Armando de Oliveira Lima sobre as projeções para o ano que vem.

Para saber mais sobre como a tecnologia 5G tem impactado outros setores e se inteirar a respeito do que aconteceu até chegarmos a esse momento histórico, acesse a seleção de matérias atualizadas no O POVO e fique por dentro do assunto que ainda vai dar muito o que falar! 

 

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