Duas pessoas são resgatadas de condição análoga à escravidão em MG
Vítimas sofriam violências diversas e foram alvos de um esquema que atraia pessoas da comunidade LGBTQIAPN+; uma delas teve a pele tatuada com as iniciais dos patrões
Um homem homossexual e uma mulher transgênero, naturais do Uruguai, foram resgatados de condições análogas à escravidão em Minas Gerais, no início deste mês de abril.
Vítimas sofriam violências diversas e uma delas teve a pele tatuada com as iniciais dos patrões. Três homens foram presos.
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Segundo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), empregadores costumavam abordar pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e afetiva, principalmente da comunidade LGBTQIAPN+.
Por meio das redes sociais, eles faziam falsas promessas de moradia, trabalho e acolhimento, estabelecendo vínculos de confiança com as vítimas para depois abusar delas.
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Modus operandi foi descoberto após uma denúncia feita ao canal Disque 100 indicar “sinais de trabalho forçado, cárcere privado, exploração sexual e violência física e psicológica” no município de Planura.
O MTE coordenou a partir disso uma fiscalização até o imóvel, entre os dias 8 e 15 de abril, contando com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF), entre outros.
Uma das vítimas foi tatuada com as iniciais dos patrões
Durante a fiscalização as duas vítimas foram encontradas. Ambas foram traficadas para a região e submetidas a jornadas exaustivas de trabalho, sem remuneração e em condições precárias de moradia.
Um dos resgatados é um homem homossexual que, atraído por promessas falsas de melhoria de vida, estava sendo mantido no local por aproximadamente nove anos como empregado doméstico.
Ele não tinha registro em carteira e sofria diversos tipos de violência, como física, sexual e psicológica. Além disso, homem foi coagido a tatuar as iniciais dos patrões na pele, como símbolo de posse.
A outra vítima é uma mulher trans migrante que também mantinha um vínculo de trabalho doméstico informal. Vítima contou viver em um ambiente opressor, sem salário adequado e sob constante intimidação, contando que chegou a sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“Diante da gravidade dos fatos, a Polícia Federal efetuou a prisão em flagrante de três homens identificados como empregadores. As vítimas estão sendo acolhidas pela Clínica de Enfrentamento ao Trabalho Escravo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pela UNIPAC, que oferecem assistência médica, psicológica e jurídica”, destaca MTE em nota divulgada no site.
Como denunciar trabalho escravo:
Conforme MTE, denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo site ipe.sit.trabalho.gov.br ou pelo Disque 100, com ligação gratuita e atendimento 24 horas por dia, a partir de qualquer telefone fixo ou celular.