Negligência é a violência mais comum contra crianças, aponta pesquisa

Negligência é a violência mais comum contra crianças, aponta pesquisa

Estudo revela que pais e mães são os principais agressores, com 88,3% dos casos ocorrendo dentro de casa. A maioria das vítimas tem entre 2 e 5 anos

Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicada na revista Ciência & Saúde Coletiva nesta sexta-feira, 28, revelou que a negligência é a principal forma de violência sofrida por crianças no Brasil. O estudo analisou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) referentes a 2022, que registrou quase 39 mil casos de agressões contra crianças atendidas por serviços de saúde.

O levantamento mostrou que 88,3% das agressões ocorreram dentro das próprias residências, sendo a mãe a principal autora (51,7%), seguida pelo pai (40%). Além disso, o uso de álcool foi constatado como agravante em 10,6% dos registros.

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Crianças de 2 a 5 anos são as mais afetadas

A faixa etária mais afetada foi a de 2 a 5 anos (39,4% dos casos), com maior incidência de violência sexual praticada por conhecidos. O segundo grupo mais atingido foi o de 6 a 9 anos (30,5%), que sofre, principalmente, agressões físicas e psicológicas, muitas vezes praticadas por padrastos ou conhecidos, em casa, na escola ou em locais públicos.

Já os bebês de até 1 ano são vítimas, principalmente, de negligência materna e paterna, frequentemente sofrendo queimaduras por contato com objetos quentes.

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Impactos e a perpetuação do ciclo da violência

A pesquisadora Deborah Malta, uma das responsáveis pelo estudo, alerta para os impactos negativos da violência infantil no desenvolvimento físico e psicológico das crianças. Ela destaca que a complexidade do problema se agrava pelo fato de os principais agressores serem os próprios pais.

“Os que deveriam proteger são os perpetradores da violência, o que aumenta a vulnerabilidade da criança”, afirma Malta à Agência Bori.

Além disso, a pesquisadora ressalta que o ciclo de violência tende a se perpetuar. “Mulheres que enfrentam violência doméstica por parte dos companheiros frequentemente foram vítimas de violência em suas famílias de origem, e estão mais propensas a reproduzir essas práticas com seus filhos”, explica.

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Medidas de combate à violência infantil

Diante do cenário preocupante, Malta defende a implementação de políticas públicas eficazes para a proteção das vítimas e a punição dos agressores.

“A violência sexual contra crianças de 2 a 5 anos é inaceitável e precisamos agir. Educação em saúde, enfrentamento das desigualdades sociais e da pobreza, além da busca por equidade de gênero, são medidas necessárias”, conclui a pesquisadora.

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