Entenda por que é arriscado misturar produtos de limpeza e saiba o que evitar
Misturar vários produtos de limpeza realmente causa um maior efeito na hora da faxina? Especialistas debatem sobre o assunto e alertam para riscos à saúde
O que você costuma usar na hora de limpar o banheiro? Vinagre e bicarbonato de sódio ou água sanitária e desinfetante parecem ser boas combinações na hora de realizar uma boa faxina pela casa, certo? Errado. Misturar produtos de limpeza sem saber exatamente o que está fazendo pode ser um risco perigoso para quem o faz.
É comum encontrar vídeos nas redes sociais de influenciadores ensinando como fazer misturas com produtos de limpeza que prometem potencializar a eficácia, o que não é verdade. Especialistas explica que, quando misturados, alguns produtos neutralizam a ação do outro e podem causar riscos à saúde e até mesmo explosões.
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O conselheiro do Conselho Federal de Química (CFQ), Ubiracir Lima, alerta para o uso indevido dos produtos saneantes e explica como um produto de limpeza é desenvolvido e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Uma série de profissionais da área química fazem algumas combinações, que nós vamos chamar de misturas de substâncias químicas, nas quais eu gero uma formulação”. A fórmula passa por uma série de testes antes de chegar às prateleiras dos supermercados.
O conselheiro conta que misturar produtos químicos sem ter feito nenhum tipo de teste não é seguro e, a pessoa pode estar correndo “riscos elevadíssimos”, afirma.
Uma mistura comumente utilizada e que é responsável pela maioria dos acidentes é água sanitária e desinfetantes que contém amoníaco.
“Essa mistura de produtos em casa gera o gás chamado cloramina, que é altamente tóxico. Então você imagina uma mistura dessa num ambiente relativamente fechado, a pessoa vai inalar e acabar perdendo os sentidos”, explica.
O professor de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Charles Ielpo, explica que realizar a combinação de duas substâncias sem se atentar ao rótulo pode causar a neutralização dos produtos ou uma reação química desastrosa.
“Às vezes a gente pensa que juntar vai dar certo, quando na verdade vai sair é pior do que se fosse só com um ou com outro. A água sanitária com amoníaco, por exemplo, é uma das piores misturas que a gente tem, pois pode gerar uma explosão”.
De acordo com o professor, o ideal é nunca misturar duas substâncias. “Se for misturar alguma coisa, é com água para diluir”, orienta.
Aprender para não errar: saiba quais misturas que devem ser evitadas
Para a professora de Química e titular da Secretaria do Meio Ambiente da Universidade Federal do Ceará (UFC), Aliny Abreu, as misturas de influenciadores sem as devidas informações do CFQ ou orientações da Anvisa podem causar desmaios e outras intoxicações mais graves.
A especialista enumera quais são as misturas que não podem ser feitas. Confira abaixo:
- Água Sanitária + Álcool | produz clorofórmio gasoso (tóxico);
- Água Sanitária + Vinagre | produz gás cloro (extremamente tóxico);
- Água Sanitária + Amônia | produz cloramina gasosa (tóxico);
- Água Sanitária + detergente | produz gás cloro;
- Água Sanitária + desinfetante | produz cloramina gasosa e cloro gasoso;
- Sabão em pó + Água Sanitária | produz cloramina gasosa
O que deve ser feito em caso de mistura acidental?
Conforme a tecnóloga em Química da Seara da Ciência da UFC, Jessica Miranda, o contato dessas misturas com vias mucosas — como nariz e boca — pode ser o sufocamento e problemas respiratórios.
A recomendação da profissional é que, em casos de limpeza com água sanitária, é necessário que seja aguardado um período até que o produto evapore da superfície e entre uma nova substância pode ser utilizada no mesmo local.
Em casos de mistura acidental o recomendado é sair imediatamente do local onde há a substância — em casos de locais pouco arejados ou totalmente fechados. Não é aconselhável tomar nenhum tipo de medicamento e sim levar a embalagem do produto utilizado para que o profissional da saúde avalie o melhor tratamento.
“E no caso de haver uma reação mais grave, o ideal é procurar sempre um centro hospitalar ou entrar em contato com equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)”, finaliza a tecnóloga.
A população dispõe de um Disque-Intoxicação, que foi criado pela Anvisa, e serve para tirar dúvidas e fazer denúncias relacionadas a intoxicações. O usuário pode telefonar para o número 0800 722 6001, a ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat).
Centro de Assistência Toxicológica em Fortaleza
Onde: rua Barão do Rio Branco, 1816, Centro. Instituto Dr. José Frota
Telefone: (85) 3255 5050 / 5012
Fax: (85) 3255 5048
E-mail: ceatox@ijf.ce.gov.br ou sandrafranco@terra.com.br