Influenciadora utiliza memes para falar sobre biologia
Khaily Alencar começou a produzir vídeos sobre biologia utilizando memes e hoje acumula mais de seis milhões de visualizações e quase 100 mil seguidores nas redes sociais
Com mais de seis milhões de visualizações e quase 100 mil seguidores nas redes sociais, a teresinense Khaily Alencar, 27, produz vídeos de biologia usando uma linguagem diferente: a dos memes. No início, a influenciadora fazia vídeos sobre fatos históricos, como a criação do alfabeto pelos fenícios. Segundo ela, a ideia de juntar a linguagem engraçada com fatos curiosos surgiu pois Khaily “gosta muito dos memes”.
Além dos memes da internet, ela utiliza gírias da linguagem pajubá, que é bastante usada por mulheres trans e pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, como 'fazendo a linhagem', que significa fazer uma referência a algo ou alguém; o 'atrack', para simbolizar um embate físico; 'debutar', que faz alusão a iniciar uma carreira em alguma profissão, entre outros.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Atualmente, além de produzir vídeos engraçados contando curiosidades sobre os animais, Khaily também é dona de casa e vive com o marido, Tiago Camargo, 35, no Rio Grande do Sul, há cinco anos. Os dois se conheceram pela internet e iniciaram um relacionamento a distância.
Momentos difíceis na infância e adolescência
A influenciadora passou por momentos difíceis antes dos vídeos viralizarem na internet. Ao O POVO, ela contou como tudo começou: “Meu pai sumiu e apareceu uma vez e me levou para Brasília, ficamos uns meses lá, mas ele não deu assistência e a gente ficou na rua. Daí voltamos para Timon”.
Com o passar do tempo, a relação com a mãe também ficou complicada. “Teve a época das agressões em casa e também rolava um pouco de agressão na escola. Ter a minha mãe cometendo esses atos descontrolados, fez com que eu me fechasse e eu achei que fosse uma pessoa tímida na infância”, conta.
No âmbito religioso, outro episódio de agressão: um fiel incentivava os filhos a realizarem uma perseguição contra Khaily, para que ela não participasse das atividades da igreja.
A influenciadora conta que a partir de todos esses episódios violentos, ela passou a ter comportamentos “anormais para quem ela era”. “Com todas essas coisas acontecendo, eu comecei a ficar muito respondona, batia boca até com os professores”.
Depois de ter sido reprovada no 1° ano do ensino médio, Khaily relata que desistiu dos estudos: “Não foi uma escolha correta, mas foi o que uma jovem sem instrução sobre nada na vida vai acabar tomando, né?”.
Ainda jovem, Khaily se descobriu como uma mulher trans e o primo, que foi a primeira pessoa transgênero da família, serviu de referência para ela. “Acompanhá-lo naquele sofrimento e ver de certa forma alcançando um ponto de satisfação existencial me fez muito feliz. Em 2017 ele cometeu suicídio e eu entendo 100%”, lamenta.
Khaily alerta sobre a depressão e aconselha que é preciso procurar ajuda: “É preciso se tratar, é uma questão de saúde mesmo”.
A influencer conta que uma amizade muito importante na sua trajetória foi a do primo: “Se hoje eu existo, devo a isso...uma amizade indispensável”, destaca.
LEIA TAMBÉM | Gambá viraliza após comer bolo de chocolate inteiro e ser internado
O começo na internet
Para fazer os vídeos, a influenciadora conta que pesquisa o tema a ser abordado, em plataformas como YouTube e Google. Além disso, ela também checa as informações. “Você depender da internet também é um problema, porque tem muito site que não tem cuidado em checar as informações ou pelo menos colocar de forma que corresponda à realidade”, explica.
“Eu sempre fui muito curiosa para entender as coisas, mas como eu não tive a oportunidade de estudar na escola, eu tinha esse senso de que eu sou inteligente, mas cadê o repertório?”, indaga em tom humorado.
Khaily conta que no início, o intuito dos vídeos não era de ser educacional e sim fazer dublagens com a própria voz. “Eu postava um vídeo e não dava nem 200 visualizações e eu pensava ‘só posso parar quando atingir um certo número’”.
“Mas eu acredito que de certa forma ter passado por tantas coisas sozinha, tendo que lidar com tanta coisa ao mesmo tempo, me deu uma aptidão para aprender”, acrescenta.
Khaily revela que pretende fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano e sobre o desejo de cursar Biologia.
Ela disse que não tem o desejo de enriquecer e sim ter uma vida confortável: “Meu foco é conseguir ter acesso ao lazer, que eu e meu marido consigamos nos alimentar bem, e nossos filhos — dois cachorros, e que a gente viva bem. Mas eu acredito que isso vem pro futuro, mas por enquanto a mudança foi mais pessoal, mas foi gigantesca e benéfica”, finaliza.