Bolo envenenado: Polícia cita homicídios em série e traça perfil de suspeita

Polícia confirmou que mais uma pessoa ingeriu arsênio antes de morrer. Investigação apontou que há 'fortes indícios' para homicídios em série; confira

10:42 | Jan. 11, 2025

Por: Bianca Raynara
Após três mulheres morreram após comer o bolo envenenado, nova vítima de envenenamento por arsênio é apontada (foto: Divulgação/Polícia Civil)

Nessa sexta-feira, 10, as autoridades da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (RS) confirmaram a morte por envenenamento de um quarto integrante da família envenenada por um bolo com arsênio em Torres, no Litoral Norte do RS.

A vítima teria sido o sogro de Deise Moura dos Anjos, a suspeita de misturar a substância à farinha da casa. Segundo a autópsia, o idoso também ingeriu arsênio antes de morrer.

Na investigação é possível verificar que há "fortes indícios" de que Deise "tenha praticado homicídios e tentativas de homicídios em série".

A Polícia Civil descreve a suspeita de colocar arsênio na farinha de um bolo de frutas e provocar as mortes de três mulheres, como uma pessoa "extremamente manipuladora", de "postura fria" e "dissimulada".

Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente. De acordo com a investigação, o sogro da acusada passou mal no dia 2 de setembro de 2024.

Envenenado com arsênio: o que aconteceu com o sogro? 

Nas provas levantadas, ele sentiu o mal-estar depois de tomar café com o leite em pó levado por Deise e faleceu no dia seguinte. O corpo dele foi exumado, e a Polícia confirmou que a causa da morte foi envenenamento.

"Ela é uma pessoa extremamente manipuladora. Ela é uma pessoa extremamente calma, extremamente firme nas suas afirmações, extremamente convincente", diz a delegada regional do Litoral Norte, Sabrina Deffente, durante a leitura do documento com as provas.

"Uma postura fria, uma postura com uma resposta sempre na ponta da língua, muito tranquila", acrescenta o delegado Marcos Vinícius Veloso, que conduz o inquérito policial sobre o caso.

Em nota, a defesa de Deise Moura dos Anjos alega que "as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso" e que "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação".

A Polícia informou ainda que ela fez a compra de arsênio quatro vezes no intervalo de quatro meses, sendo uma dessas compras antes da morte do sogro, e as outras três antes da morte das três mulheres em dezembro. O foi comprado pela internet e recebido pelos Correios.

Bolo envenenado: provas do crime

Quando o caso do bolo foi revelado, a Polícia passou a investigar a relação entre Deise Moura dos Anjos e a morte de Paulo Luiz dos Anjos.

Nas mensagens enviadas à Zeli dos Anjos, a responsável por fazer o bolo, ela disse ainda que "nem Polícia nem perícia" poderiam ajudar a família a descobrir a causa da morte de Paulo Luiz dos Anjos.

"Acho que precisamos rezar mais, aceitar mais e não procurar culpados onde não há. Só os momentos que Deus nos reserva, isso sim, não têm volta. Nem Polícia nem perícia que possa nos ajudar a desvendar", diz a mensagem enviada por Deise à sogra.

Em outra mensagem enviada à sogra, ela cita possíveis motivos que poderiam ter causado a morte do homem.

"Não sei, acho que eu não faria nada, pois poderia ter sido várias coisas: intoxicação alimentar, negligência médica, a banana contaminada pela enchente, ou simplesmente a hora dele... Sei lá", explicou em mensagem.

Em outra mensagem apresentada pela Polícia, enviada para uma pessoa com quem mantinha relacionamento, a suspeita comenta: "Se eu morrer, cuide do meu filho e reze bastante por mim, pois é bem provável que eu não vá para o paraíso", relata.

No relatório preliminar da extração de dados dos celulares apreendidos, o portal G1 informa que tinham  buscas feitas na internet por termos como "arsênio veneno", "arsênico veneno" e "veneno que mata humano". As informações constam da representação da Polícia Civil pela prisão temporária da suspeita.