Justiça de Pernambuco arquiva investigação contra Gusttavo Lima por lavagem de dinheiro

Artista estava sendo investigado na operação Integration, que investiga lavagem de dinheiro em empresas de aposta eletrônica

10:46 | Dez. 15, 2024

Por: Carlos Viana
Gusttavo Lima foi suspeito de lavagem de dinheiro em esteira de investigações que envolvem empresas de apostas online. Justiça de Pernambuco decidiu pelo arquivamento da investigação sobre o cantor (foto: AUGUSTO ALBUQUERQUE/DIVULGAÇÃO)

A investigação contra o cantor Gusttavo Lima e a empresa de apostas eletrônicas Vai de Bet por lavagem de dinheiro foi arquivada. A decisão foi da Procuradoria Geral da República. A investigação era parte da operação Integration.

O parecer da chefia do Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) acontece após uma sequência de discordâncias entre a juíza do caso, Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, e os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público pernambucano, que analisam as investigações da Polícia Civil.

Após os promotores pedirem o arquivamento da investigação, a magistrada optou por encaminhar o inquérito para a Procuradoria Geral de Justiça. Para ela, a complexidade das transações financeiras e as conexões entre as partes investigadas demandavam a continuidade da apuração.

Norma Mendonça de Galvão Carvalho, subprocuradora de Justiça do MP-PE, que assinou a decisão, seguiu o entendimento anterior do órgão e pediu, outra vez, o arquivamento dessa parte do processo.

Quanto à Esportes da Sorte, do empresário Darwin Henrique Filho, a decisão da Procuradoria foi por dar continuidade às investigações por lavagem de dinheiro.

Gusttavo Lima, Vai de Bet e Esportes da Sorte: o que está sendo investigado?

No entendimento do MP, reforçado pela decisão da Procuradoria, não há correlação entre os valores da Esportes da Sorte, que continua investigada, e os da empresa Vai de Bet. O único envolvimento entre as duas empresas, pelo menos até agora, é a venda da aeronave que pertencia a Gusttavo Lima ao dono da Esportes da Sorte e posteriormente à Vai de Bet.

“Para a deflagração da ação penal é necessário que se faça presente a justa causa, definida pela doutrina e pela jurisprudência, como a existência de indícios mínimos de autoria e prova da materialidade delitiva”, apontou a subprocuradora-geral Norma Carvalho no texto da decisão.

Na decisão, a subprocuradora também mencionou que o Ministério Público aguarda a quebra de sigilo da Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos, responsável pela intermediação dos pagamentos das empresas Esportes da Sorte e Vai de Bet.

“Devem ser continuadas as investigações em relação a Darwin Henrique da Silva Filho, suas empresas, e a Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos, por existirem fortes indícios de práticas de atividades empresariais ilícitas, ratificando a necessidade de vinda definitiva aos autos de todas as diligências requisitadas, com o relatório resultante das quebras de sigilos bancário e fiscal”, diz o texto.

Apesar de não verificar indícios de envolvimento entre as duas empresas de aposta, a subprocuradora recomendou o envio da documentação da operação Integration ao Ministério Público do estado da Paraíba.

De acordo com o Ministério Público de Pernambuco, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou atividades suspeitas entre as duas empresas. No entanto, como a sede da Vai de Bet é localizada na Paraíba, as investigações devem ser realizadas pelo ministério público do próprio estado.

Em nota, a Vai de Bet afirmou que a decisão reforça a confiança da empresa na Justiça. "Desde o princípio, víamos a fragilidade das acusações e falhas graves que foram cometidas, e por isso agora recebemos esse parecer com muita alegria e muita confiança na Justiça."

Procurada, a defesa do cantor Gusttavo Lima disse que "recebe com serenidade a decisão da Procuradoria Geral de Justiça, que deverá acarretar o arquivamento do inquérito e o encerramento definitivo do caso envolvendo o nome do artista".

A operação Integration, realizada pela Polícia Civil de Pernambuco, investiga lavagem de dinheiro em empresas de aposta eletrônica. A influenciadora digital Deolane Bezerra chegou a ser presa preventivamente durante as investigações.