Papai Noel percorre 3,5 mil km de triciclo para chegar a Fortaleza

Curitibano viajou até a capital cearense de triciclo para trabalhar como Papai Noel; viagem era plano desde o ano passado; saiba mais sobre a história

08:00 | Dez. 14, 2024

Por: Mariana Fernandes
Duda Meirelles chega de triciclo à Fortaleza para trabalhar como Papai Noel (foto: Lorena Louise/Especial para O POVO)

Percorrendo 3,5 mil quilômetros de triciclo, Duda Meirelles chegou a Fortaleza para trabalhar como Papai Noel em um shopping da Capital. A viagem é a realização de um plano que o curitibano tinha desde que começou a trabalhar como o “bom velhinho”, em 2018.

Duda saiu de Curitiba no último dia 10 de outubro e chegou em Fortaleza oito dias depois. Nesse tempo, viajou a uma velocidade média de 80 quilômetros por hora e com um pequeno reboque acoplado na moto triciclo levando os equipamentos que poderia precisar na estrada, como barraca, cama de campana e alimentos.

“Foi uma viagem bem legal. E pretendo continuar (após o trabalho). Ir até os Lençóis Maranhenses, conhecer por lá e depois voltar para Curitiba. A viagem deve chegar aos dez mil quilômetros”, acrescenta o vendedor ao falar sobre a experiência.

Ao ser questionado sobre o valor gasto na empreitada, ele responde tranquilo que gastou em torno de R$ 2 mil reais de gasolina e o total chega a R$ 4 mil.

Mas o intérprete do Papai Noel não encarou a viagem como um projeto complicado. “Reformei o motor do triciclo e o que precisava arrumar nele. Quando chegou o dia 10, eu simplesmente coloquei (o percurso) no Google Maps e vim embora”, conta.

Como era a rotina de Duda na estrada

Para chegar a tempo em Fortaleza, Duda saiu com antecedência e ainda conseguiu aproveitar alguns dias na cidade de Pacatuba voando de parapente, um passatempo que conserva há quatro anos.

Viajando das cinco horas da manhã às cinco da tarde, ele parava apenas para o almoço. À noite, buscava um hotel ou pousada para descansar e continuar o percurso no dia seguinte.

No entanto, nem sempre foi possível encontrar um estabelecimento para pernoitar. Em duas ocasiões, Duda precisou acampar na beira da estrada para pernoitar.

“Peguei a minha barraca, dormi, e de manhã cedinho, fiz o café da manhã e arrumei tudo de novo. Não senti medo, pois não tinha mais ninguém. Quanto menos a gente tiver, melhor, que ninguém vai tentar roubar a gente ou fazer alguma coisa.”


Duda enfrentou contratempos na estrada

Apesar de ter aproveitado o trajeto, Duda enfrentou algumas dificuldades. O triciclo em que estava viajando apresentou problemas no freio quando ele passava pela cidade de Cristalina (GO), após rodar mais de mil quilômetros. Mesmo conseguindo consertar, o viajante pensou em desistir.

Outra reclamação foi a respeito da estrutura viária do País, com destaque para a BR-020, em que Duda teve que passar pelos últimos 250 quilômetros até Fortaleza: “É muito buraco, não tem como você viajar ali. Você escapa de um buraco e pega outro”, aponta.

Mas as dificuldades foram compensadas pela recepção calorosa por onde passou. As pessoas o tratavam muito bem, principalmente quando percebiam que ele trabalhava como Papai Noel. Algumas oficinas, inclusive, não cobraram por consertar o triciclo quando ele apresentou falhas.

Paisagens motivaram o Papai Noel a seguir com a viagem

Para Duda, o melhor foram as paisagens que viu durante a jornada, principalmente as do território do Piauí. Ele admite que os cenários lhe deram motivação para viajar cerca de 12 horas por dia aos 64 anos de idade.

“Mesmo viajando 12 horas por dia, eu não cansei. Estava devagar e olhando a paisagem. Isso daí eu acho bonito”, relembra.

Também foi possível ver de perto lugares afetados pelas queimadas deste ano. Estradas inteiras ainda têm paisagens e cheiros que lembram o que aconteceu.

Duda é um admirador da cidade de Fortaleza

“Gosto desta cidade, se desse para eu ficar seis meses aqui e seis meses em Curitiba, eu ficaria”, afirma Duda Meirelles, reiterando sua admiração por Fortaleza.

Segundo ele, o fortalezense o recebe bem e gosta de conversar — ao contrário do que ocorre em sua cidade natal.