Faculdade em Campinas importa cabeças congeladas dos EUA para aulas de harmonização facial

Remoção das partes é previamente autorizada em vida pelos donos dos corpos; uso de cabeças reais auxilia no melhor treinamento dos estudantes

Uma faculdade no interior do estado de São Paulo tem importado cabeças congeladas para aulas de harmonização facial. Localizada na cidade de Campinas, o Centro de Treinamento Acadêmico utiliza peças vindas dos Estados Unidos para simular crânios de pacientes reais durante as lições.

Conhecida como “fresh frozen”, a técnica garante uma experiência mais realista para o estudante, a partir do uso de uma cabeça real. Entre os benefícios destacados por quem utiliza o procedimento, está a ausência de produtos químicos como o formol na conserva das cabeças, que podem danificar a estrutura do cadáver. As informações são do portal G1 Campinas e Região.

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Apesar de gerar espanto inicial, a prática é totalmente legalizada no Brasil, já que a doação de corpos para a ciência está prevista no artigo 14 do Código Civil. Entretanto, em casos onde as doações sejam em quantidade insuficiente, as instituições de ensino e pesquisa podem realizar a importação de cadáveres, mediante autorização do governo federal.

Para a cirurgiã-dentista e professora da CTA Campinas, Erika Bueno Camargo, a técnica é adotada para preparar melhor o aluno que está se preparando para realizar o procedimento em pessoas vivas. Com peças em bom estado de conservação, é possível aprimorar também a parte sensorial dos estudantes no trato com as estruturas de um crânio humano.

“A cabeça é perfeita, então o aluno tem essa sensação de conseguir passar o fio de PDO, o ácido hialurônico, e o subcutâneo do 'fresh frozen' e sentir como seria no paciente de verdade”, explica Erika, em entrevista ao G1.

Procedimento exige uma série de cuidados

Graças à efetividade da técnica de congelamento, uma cabeça pode ser utilizada mais de uma vez para o ensino da harmonização facial. Os procedimentos feitos por cada aluno são facilmente removíveis do cadáver, não prejudicando assim a experiência do próximo estudante.

Entretanto, existe um limite de usos para cada cabeça. Quando este número é atingido, geralmente após alguns meses, o crânio passa por um protocolo de devolução para os Estados Unidos.

“Com o passar do tempo o cadáver não tem um cheiro agradável, aí a gente avalia que deve descartar [...] quando a epiderme sai do cadáver, ele fica desprotegido e tem um cheiro mais forte”, conta a professora ao G1.

Apesar de ser autorizado ainda em vida pelo dono da cabeça, o procedimento exige respeito ao material que está sendo utilizado. Por isso, os alunos são proibidos de entrar no laboratório com celulares ou qualquer outro dispositivo de filmagem, para evitar que o material seja exposto fora do local de ensino.

Também é previsto o estranhamento dos alunos quanto ao trabalho com a cabeça de uma pessoa morta, e por isso, eles são psicologicamente preparados antes de as aulas começarem. Em respeito ao cadáver, também é feita uma oração, anterior a cada lição.

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