"Xapa Xana": traficantes são presos no DF após comercialização de lubrificante à base de maconha

A associação criminosa, composta por quatro pessoas, utilizava as redes sociais para divulgar e vender grandes quantidades do produto, feito de maconha e cogumelos alucinógenos

20:20 | Set. 26, 2024

Por: Luíza Vieira
Traficantes são presos no DF após comercialização de lubrificante à base de maconha (foto: Reprodução/ Polícia Civil do Distrito Federal )

Um grupo de traficantes foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal por suspeita de prescrever um lubrificante à base de maconha para humanos e animais de estimação. O produto uruguaio, intitulado “Xapa Xana”, seria desenvolvido pela brasileira Débora Mello, contudo, é ilegal no País.

Além da lubrificação, promete estimular a região e aumentar o prazer feminino.

A associação criminosa, composta por quatro pessoas, utilizava as redes sociais para divulgar e vender grandes quantidades do produto, feito de maconha e cogumelos alucinógenos.

Conforme a Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) informou à CNN, os suspeitos efetuaram as vendas pelo Instagram, WhatsApp e por meio de um site na internet, realizando “um marketing agressivo para impulsionar as vendas”.

O delegado responsável pela investigação, Waldeck Fachinelli, explicou que o lubrificante custava R$ 150,00. Ele pontua, ainda, que todos os itens ilegais eram vendidos a preços caros. Um frasco de 30 ml de óleo de cannabis custava cerca de R$ 1,7 mil.

Os suspeitos afirmavam que os produtos curariam doenças de clientes que buscavam ajuda médica. Eles são suspeitos de realizar diagnósticos e prescrever o item, fazendo o exercício ilegal da Medicina.

A Polícia Civil do Distrito Federal capturou quatro suspeitos durante a Operação Aruanda, deflagrada na terça-feira, 24, em Pirenópolis (GO), Anápolis (GO) e Brasília (DF). O grupo era liderado pelo casal identificado como Gabriel e Helloysa. Duas estufas de maconha foram encontradas pelas equipes policiais. 

O delegado destacou que os Correios colaboraram com as investigações sobre a quantidade e o destino dos produtos.

Os suspeitos devem responder por diversos crimes, sendo eles:

  • Exercício ilegal da Medicina
  • Tráfico de drogas interestadual
  • Curandeirismo
  • Fraude
  • Associação criminosa
  • Disseminação de espécies exóticas (sementes) que prejudicam a fauna e a flora (crime ambiental)

No caso de condenação, os suspeitos deverão cumprir penas que, somadas, chegam a 39 anos de prisão para cada indivíduo.

A Operação Aruanda foi deflagrada em parceria com os Correios, Receita Federal e Polícia Civil de Goiás.

Após o ocorrido, o site uruguaio “Xapa Xana” publicou uma nota de esclarecimento, afirmando que o “nome da marca foi indevidamente associado a uma empresa que está sendo investigada”.

“Gostaríamos de ressaltar enfaticamente que não temos qualquer vínculo com a empresa citada ou com as investigações mencionadas. A nossa marca sempre prezou pela integridade e qualidade de nossos produtos, e seguimos comprometidos com o bem-estar e a satisfação de nossos clientes”, complementa o comunicado.

O que é Xapa Xana?

Apesar de ganhar notoriedade nesta quinta-feira, 26, após operação da Polícia Civil do Distrito Federal, o lubrificante “Xapa Xana” já está no mercado há cerca de sete anos. O produto uruguaio foi desenvolvido pela brasileira Débora Mello, que mora em Montevidéu, e é ilegal no Brasil.

A recomendação é aplicar a mistura, que contém óleo de coco e tetrahidrocanabinol (THC), cerca de 15 minutos antes do ato sexual ou da masturbação.

“Ele é um lubrificante e estimulante. O óleo de coco tem ação lubrificante e o THC traz o benefício estimulante, "orgásmico" e de aumento da sensibilidade”, disse Débora em entrevista ao Globo em 2022.

À época, Mello informou que a fabricação do item é totalmente artesanal e assegurou que todos os cuidados de higiene são adotados. Cerca de duas mil unidades são fabricadas por ano.

“Estamos buscando um laboratório parceiro para produzir. Quando isso acontecer, o Xapa Xana poderá ser importado nos lugares com legalização da Cannabis e esperamos que possa chegar ao Brasil”, contou Débora na ocasião.

No Brasil, a regulamentação vigente permite a comercialização de produtos derivados de Cannabis para fins medicinais. Contudo, os itens devem ser fabricados por indústrias farmacêuticas e vendidos em farmácias mediante apresentação da prescrição médica e autorização prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A mesma regra vale para a importação dos produtos. Nos demais casos, a importação ou compra pode ser enquadrada nos crimes de porte ou tráfico de drogas.

O Xapa Xana foi inspirado no produto norte americano “Foria”, lubrificante composto por óleo de coco e cannabis que promete, “com um simples spray”, proporcionar até 15 minutos de orgasmo feminino.

Um gel à base de canabidiol (CDB) teve sua comercialização aprovada pela Anvisa em 2020 para controlar dores e desconfortos durante as relações sexuais. O produto, que não é um lubrificante, tem como premissa os benefícios do CBD na dor devido a sua ação analgésica, anti-inflamatória e do aumento da sensibilidade na região.