Piiê: casal é proibido de colocar nome de faraó negro em filho

Um casal de Belo Horizonte foi impedido de registrar o filho com o nome Piiê, em homenagem a um faraó, após a justiça alegar risco de bullying

20:53 | Set. 11, 2024

Por: Caynã Marques
Cartório de Belo Horizonte proibiu casal de registrar filho com nome de Piiê (foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal)

Um casal, natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, foi proibido por um cartório local de registrar seu filho com o nome desejado. O bebê, que nasceu no dia 31 de agosto, se chamaria Piiê, nome de um antigo faraó negro do Egito.

Além da negação deferida pelo cartório no qual o recém-nascido seria registrado, a justiça mineira negou a autorização do ato. A juíza que recebeu o processo negou devido à alegação de que a criança sofreria bullying, pois o nome é semelhante ao passo de balé "plié".

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O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou, em nota ao G1, que a Lei 6.015/1973 prevê que "o oficial de registro civil não registrará prenomes suscetíveis de expor ao ridículo seus portadores, observado que, quando os genitores não se conformarem com a recusa do Oficial, este submeterá por escrito o caso à decisão do juiz competente, independentemente da cobrança de quaisquer emolumentos".

Os pais alegam que o recém-nascido permanece sem certidão de nascimento, o que o impossibilita de receber cuidados necessários, como vacinas e o teste do pezinho, visto que, para ser submetido a esses procedimentos, é preciso que a documentação esteja pronta.

"É importante para ele saber que nossa herança é de reis e rainhas africanas, que ele vem desse povo", afirmou a mãe da criança, Catarina Prímola, ao G1.

Quem foi Piiê

Piiê foi um antigo rei cuxita e fundador da Vigésima Quinta Dinastia do Egito, que governou o Egito de 744 a 714 a.C. Seu governo teve como base a cidade de Napata, localizada nas profundezas da Núbia, atual Sudão.

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Como governante da Núbia e do Alto Egito, Piiê aproveitou as disputas entre os governantes egípcios, expandindo o poder da Núbia além de Tebas até o Baixo Egito.

Ele realizou muitos feitos militares, e essas realizações estão registradas em uma estela de granito, conhecida como a Estela da Vitória. O artefato pertenceu ao Templo de Amon e está atualmente exposto no Museu Egípcio do Cairo.