Mãe e filha que "moram" em McDonald's são acusadas de racismo

Bruna e Susane Paula Muratori teriam ofendido adolescentes negras que comiam na lanchonete; envolvidos foram levados à delegacia para registrar ocorrência

12:44 | Ago. 31, 2024

Por: Cotidiano O POVO
Bruna e Susane Paula Muratori, que moram em lanchonete do Leblon desde janeiro deste ano, foram acusadas de racismo por clientes do estabelecimento (foto: Reprodução/redes sociais)

Bruna e Susane Paula Muratori, respectivamente mãe e filha, que "moram" em um McDonald's no bairro Leblon, no Rio de Janeiro (RJ), foram levadas à delegacia na noite dessa sexta-feira, 30, após terem sido acusadas de racismo por um grupo de adolescentes que estava na lanchonete. As informações são do portal G1.

Segundo o site de notícias, as adolescentes haviam passado a tarde na praia, e pararam no local para comer antes de voltar para casa. Após pegarem os pedidos, elas subiram ao segundo andar da lanchonete, onde ficam as mesas. Bruna e Susane estavam nesta parte do estabelecimento.

As mulheres teriam se incomodado com as conversas em voz alta do grupo e começado a filmar as jovens. As ofensas teriam começado quando as adolescentes tiraram fotos de Bruna e Susane e foram questionar por estarem sendo gravadas.

Segundo a mãe de uma das adolescentes, a filha foi chamada de "pobre, preta e nojenta". Ela, que foi avisada da situação por telefone e chegou ao local pouco antes dos policiais, disse ter ouvido as mulheres chamando a filha de "pretinha".

O pai de outra das garotas afirmou que as mulheres disseram que "o lugar não era para pobre nem para negros". Uma das jovens disse ainda que foi chamada de "vagabundinha".

A situação foi presenciada por diversas testemunhas. Após a chegada da polícia, os envolvidos foram encaminhados ao 14º Distrito Policial, no mesmo bairro. As malas que Bruna e Susane carregam consigo, desde que passaram a "morar" na lanchonete, também foram levadas à delegacia. Após serem ouvidas, as mulheres foram liberadas.

Entenda o caso

Bruna e Susane Paula Muratori ficaram conhecidas após uma série de reportagens da rádio CBN. As matérias contavam como mãe e filha passaram a viver na lanchonete, que fica em um bairro nobre do Rio de Janeiro, desde janeiro deste ano. Elas permanecem no interior do local durante o dia e, quando a loja fecha, já de madrugada, ficam ao lado do estabelecimento, na rua.

Após o caso viralizar, assistentes sociais da Prefeitura, moradores e empresários da região chegaram a oferecer ajuda para as mulheres, com ofertas de moradia e vagas de emprego. Elas recusaram todas as propostas.

As reportagens também descobriram que, antes de se estabelecerem na lanchonete, Bruna e Susane já "moraram" em diversos locais da cidade. Elas já teriam vivido na Rodoviária da cidade, no aeroporto Galeão, e até mesmo no parque Jardim de Alah. Antes disso, as mulheres viveram em apartamentos e hotéis, acumulando processos e sendo despejadas por não pagarem aluguéis e diárias.