Ceará e outros estados têm céu com coloração diferente devido a queimadas

A fumaça dos incêndios no Pantanal e na Amazônia já chegaram a 10 estados, incluindo o Ceará

O pôr do sol diferente e o céu com coloração dividida entre o azul e um tom de cinza tem chamado a atenção da população de Fortaleza, de outras cidades do Ceará e até de outros estados. Além da Capital, moradores das cidades de Horizonte, Pacajus e Maracanaú também perceberam essas alterações nas colorações do céu.

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As causas deste cenário estão ligadas às queimadas que atingem a Amazônia desde a última sexta-feira, 16. A analista ambiental da Synergia Socioambiental, Natalia Victoria Madalozzo, explica que o acinzentado no céu é causado pela dispersão de partículas de fumaças vindas das queimadas na Amazônia e no Pantanal e que durante as queimadas, grandes quantidades de material particulado e gases poluentes – como carbono e enxofre – são liberados na atmosfera.

“Esses compostos alteram a composição do ar interferindo na refração da luz solar e com isso dando a coloração acinzentada no céu, as correntes de vento transportam essas partículas de gases por uma longa distância afetando outras regiões”, afirma.

Além do Ceará, a fumaça das queimadas chegou a estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, o oeste do Paraná, parte de Minas Gerais, trechos de São Paulo e Amazonas.

“Alguns deles estão a milhares de quilômetros dos focos de incêndio e mesmo assim, acabam experimentando níveis elevados de poluição atmosférica, justamente por conta essa camada de fumaça”, complementa a analista ambiental.

Conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nas últimas 48 horas, 77% dos focos de incêndio ativos no Brasil se concentram na Amazônia e no Cerrado. Segundo a BBC News Brasil, a FioCruz Amazônia, no último dia 13 de agosto, chegou a recomendar que a população de Manaus usasse máscaras com sistemas de filtragem especial – do modelo N95 ou PFF2 – no “período crítico de exposição à fumaça”.

Em nota, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima informou que o fogo na Amazônia se concentrava no sul do estado do Amazonas e nos arredores da Transamazônica (BR-230).

“Amazonas e Pará concentram, juntos, mais da metade (51,6%) dos focos de incêndio registrados no bioma de 1º de janeiro a 18 de agosto de 2024, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Desde 1º de julho, 67,2% dos focos registrados estão nos dois estados”, informou a pasta.

O papel das correntes de vento na dispersão da fumaça

A fumaça se dispersou com mais facilidade pela ação dos ventos. Conforme o professor Edson Grandisoli, doutor em Educação e Sustentabilidade e coordenador do Movimento Circular, a fumaça gerada pelas queimadas é levada pelas chamadas correntes de vento, que transportam partículas por longas distâncias, criando um “corredor de fumaça”.

“O vento não só espalha a fumaça horizontalmente, atingindo várias regiões do Brasil, mas também influencia a concentração de poluentes em determinadas áreas, dependendo da direção e velocidade das correntes”, detalha o professor.

Grandisoli alinha ainda que, nesta época do ano, é comum o aumento das queimadas em diferentes regiões do País. “Esse ano novamente mais de 10% do Pantanal está queimando e podemos observar queimadas no interior de São Paulo, no interior do Mato Grosso e é uma prática que está muito associada a uma prática de agricultura pouco sustentável”.

“Essas queimadas prejudicam demais, não só a população dos estados onde as queimadas estão acontecendo, mas, a maior parte das regiões do país acabam sofrendo com essa prática, que não é sustentável”, complementa o professor.

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