Pais tatuam alfabeto para ajudar na comunicação do filho autista não-verbal

A tatuagem do alfabeto para ajudar na comunicação do filho autista não-verbal já acumula mais de 5,7 milhões de visualizações no Instagram; Entenda como funciona

15:06 | Ago. 21, 2024

Por: David Andrade
Annie e Rafael tatuaram o alfabeto no antebraço para ajudar o filho, Felipe a se comunicar no dia a dia. (foto: Reprodução/Instagram)

O amor pode se manifestar de várias maneiras. O casal Annie Coutinho e Rafael Borges, em uma grande demonstração de amor pelo filho Felipe, tatuaram o alfabeto no antebraço para ajudar na comunicação da criança que é autista  não verbal.

Em conteúdo compartilhado em perfil no Instagram, Annie e Rafael detalham uma das maneiras das quais se comunicam com Felipe. Eles fazem uma pergunta à criança, mostram o alfabeto tatuado no antebraço e logo em seguida Felipe desliza o dedo nas letras, formando, assim, a palavra desejada.

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Um dos vídeos publicados no Instagram já acumula mais de 5,7 milhões de visualizações e quase 142 mil curtidas, no momento de publicação desta matéria. A atitude do casal, impulsionada pela internet, atraiu a atenção de usuários das redes sociais de diversos países ao redor do globo.

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Confira o momento em que Felipe utiliza a tatuagem dos pais para se comunicar

Comunicação Alternativa e Aumentativa: entenda a técnica usada por Annie e Rafael para se comunicarem com o filho

Nascidos no Rio de Janeiro, Annie e Rafael residentem em Bragança Paulista, a 88 quilômetros de São Paulo. Como forma de auxiliar na comunicação do filho Felipe, eles adotaram a técnica da "Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA)".

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O CAA consiste em métodos de comunicação que substituem a fala e/ou a escrita. Ela pode ser usada por pessoas que tenham deficiências congênitas, como paralisia cerebral, síndrome de down e autismo, ou deficiências adquiridas, como esclerose lateral, doença de Parkinson ou que tenham sido vítimas de um acidente vascular cerebral (AVC).

 

Em publicação no Instagram, Annie Coutinho relata que o uso da CAA no meio familiar começou há 4 anos. Felipe, que é autista nível 3 não verbal e tem também tem aulas de soletração e escrita. Todo o processo é feito em pranchetas de papel com as letras do alfabeto escritas. Porém os pais de Felipe, Annie e Rafael, decidiram tatuar o alfabeto para dar celeridade ao processo, mantendo um dos meios de comunicação do filho mais acessível a ele.

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Comunicação de pessoas com deficiência: o que a lei diz?

Os diretos da pessoa com deficiência (PcD) no Brasil são regidos pela "Convenção Internacional sobre os Direiros das Pessoas com Deficiência", aprovado pela Assembleia Geral da ONU em dezembro de 2006. O Brasil, por meio do então ministro da Relações Exteriores, Celso Amorim, e do então presidente Lula, promulgou o documento no Diário Oficial da União em 26 de agosto de 2009.

O documento reconhece que PcD tenham acesso à comunicação para que tenham "pleno gozo" de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.

 

A delcaração também prevê que a "comunicação" abrange línguas (sejam elas faladas, de sinais e outras formas de comunicação não-falada), visualização de textos, braille, comunicação tátil, dispositivos multimídia, e a linguagem simples, escrita e oral. O texto também apoia promoção do acesso a novos sistemas de informação e comunicação, como a internet.

Apenas Vaticano e Saara Ocidental não assinaram o documento. Estados Unidos, Tonga e Tadjiquistão assinaram a declaração, mas não a validaram.