Avião bimotor cai em Vinhedo, no interior de São Paulo; não há sobreviventes
O modelo da aeronave comporta até 68 pessoas, contudo, 62 passageiros estavam a bordo, sendo 57 passageiros e quatro tripulantes. Prefeitura confirma que não há sobreviventes
14:37 | Ago. 09, 2024
Um avião bimotor de passageiros caiu na tarde desta sexta-feira, 9, na região de Vinhedo, no interior de São Paulo. De acordo com informações da Voepass Linhas Aéreas, responsável pela aeronave, trata-se de um avião turboélice de passageiros modelo ATR-72. Todas as 61 pessoas a bordo morreram.
Ainda conforme a companhia aérea, o voo saiu de Cascavel, no Paraná, com destino a Guarulhos, em São Paulo. O modelo da aeronave comporta até 68 pessoas, contudo, 61 passageiros estavam a bordo, sendo 57 passageiros e quatro tripulantes.
À EPTV, a Polícia Militar informou que recebeu um chamado às 13h28 na rua João Edueta, nas proximidades da rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324), e encaminhou equipes ao local.
Conforme a Prefeitura de Vinhedo, o avião caiu próximo ao condomínio residencial Recanto Florido.
A Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil foram ao local atender a ocorrência. De acordo com o Corpo De Bombeiros, sete equipes foram deslocadas para a área.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento em que a aeronave perde o controle, faz uma curva brusca e cai na área residencial. Na gravação é possível ver a presença de fogo após a queda.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que a aeronave não fez nenhuma comunicação de emergência antes do acidente.
“Não houve comunicação por parte da aeronave com órgãos de controle se haveria uma emergência", disse em entrevista coletiva o chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Marcelo Moreno, ressaltando que as informações ainda são prematuras.
Entre as pessoas que estavam a bordo haviam quatro empresários cearenses, identificados como Wlisses Oliveira e Regicláudio Freitas, sócios de uma empresa de construção em Limoeiro do Norte; e Raphael Bohne e Thiago Almeida Paula.
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Em coletiva virtual realizada hoje a noite, Eduardo Busch, CEO da VoePass, informou que a empresa está prestando apoio aos familiares de todas as vítimas e busca esclarecer, "o mais breve possível", o motivo que teria provocado a queda da aeronave. "Estamos consternados e extremamente impactados", disse.
Representante destacou que todos os tripulantes eram experientes e frisou que ainda "é muito cedo" para apontar a causa do acidente, mas que "nenhuma hipótese" pode ser descartada. Ele também garantiu que a aeronave andava conforme a legislação e que ainda faria cerca de uma a duas viagens ontem.
Marcel Moura, Diretor de Operações da empresa área, frisou, na coletiva de imprensa, que o avião passou por manutenção de rotina na noite dessa quinta-feira, 8, e não apresentou nenhum problema técnico.
Na ocasião, ele não chegou a descartar que o acúmulo de gelo nas asas da aeronave possa ter causado a queda, destacando que o ATR possui "sensibilidade" ao acúmulo de gelo por operar em altitudes mais baixas.
Contudo, o diretor afirmou que o sistema de degelo estava em pleno funcionamento quando foi realizada a checagem da aeronave, reforçando que "nenhuma hipótese é descartada".
Instituições e Governo Federal se manifestam
Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lamentou o acidente ocorrido com a Voepass e afirmou que acompanha atendimento aos familiares das vítimas.
"A Anac está monitorando a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa, bem como adotando as providências necessárias para averiguação da situação da aeronave e dos tripulantes. A Agência acompanha os desdobramentos das investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa)", consta no comunicado.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) divulgou uma nota lamentando o acidente com o voo 2283 da Voepass.
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) também se solidarizou com os familiares e amigos das vítimas do acidente.
"O Governo Federal acompanha ainda os desdobramentos das investigações oficiais sob competência do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa)", completa a pasta em nota.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu um minuto de silêncio em solidariedade às vítimas do acidente. O chefe do Executivo estava em uma solenidade de lançamento da Fragata Tamandaré, em Santa Catarina, quando recebeu a notícia do acidente.
“Eu tenho que ser portador de uma notícia muito ruim e que eu queria que todos se colocassem de pé para que a gente tivesse um minuto de silêncio porque acaba de cair um avião na cidade de Vinhedo, em São Paulo, com 58 passageiros e quatro tripulantes e parece que todos morreram”, destacou o presidente.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) publicou uma nota afirmando que equipes do Instituto Médico Legal (IML) foram encaminhadas ao local para reforço.
Especialista afirma que o modelo do avião dispõe de duas caixas pretas
Em entrevista à rádio O POVO CBN, o graduado em Engenharia Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Adalberto Febeliano, explicou que o modelo da aeronave é "extremamente seguro" e que possui velocidade menor em comparação aos aviões a jato, por esse motivo é mais utilizado em rotas regionais.
Ainda conforme Adalberto, o prazo para que as causas do acidente sejam identificadas não podem ser previstas, tendo em vista que as respostas "dependem da complexidade da investigação".
"Temos bastante imagens do avião, é um local de fácil acesso, temos bastante informação, eu esperaria que a investigação fosse relativamente rápida mas eu não posso dar nenhuma previsão porque os fatores são bastante complexos", seguiu.
"Os aviões desse porte têm duas caixas pretas como a gente costuma comentar, uma é um gravador de voz de cabine e outro gravador que grava a potência dos motores, altitude do avião e velocidade. A existência desses dois gravadores facilita bastante as investigações", afirmou o especialista em aviação.
Aeronave ATR-72 é utilizada em voos regionais
O avião que caiu na tarde desta sexta-feira, 9, em Vinhedo, no interior de São Paulo, é utilizado em rotas regionais.
Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo é turboélice com 74 assentos. A aeronave é fabricada pela ATR, sediada na França, considerada uma das maiores fabricantes de aviação do mundo.
De acordo com a ficha técnica do avião, o ATR -72-500 pode voar a uma altitude máxima de 10 mil pés (pouco mais de 3 mil metros) com velocidade máxima de 510km/h.
O modelo dispõe de 27 metros de comprimento e de envergadura, além de uma autonomia de voo de 1.324 quilômetros. O avião pode carregar um peso máximo de 7 mil quilos.
Serviço
A companhia aérea Voepass está prestando assistência pelo telefone 0800 9419712.
O serviço está disponível 24h.
Atualizada às 19h47min