Mafioso italiano faz acordo com Justiça de seu país para delatar facções criminosas do Brasil

Considerado o maior intermediário do tráfico de cocaína da América do Sul, Vincenzo Pasquino foi extraditado e fez um acordo com as autoridades para delatar facções criminosas brasileiras

09:00 | Jul. 26, 2024

Por: Bárbara Mirele
Vicenzo Pasquino foi capturado em 2021 na Paraíba, junto com um comparsa (foto: Reprodução/TV Globo)

O mafioso italiano Vincenzo Pasquino, considerado o maior intermediário do tráfico de cocaína da América do Sul, foi preso no Brasil em 2023 e extraditado para a Itália em fevereiro deste ano, quando assinou um acordo de colaboração com a Justiça italiana. No acordo, ele contaria detalhes sobre esquemas de organizações criminosas como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo informações do Estadão publicadas nessa quinta-feira, 25, em novembro e dezembro do ano passado, Pasquino admitiu pela primeira vez o envolvimento com atividades criminosas da "Ndrangheta” (máfia italiana). A confissão ocorreu na Penitenciária Federal de Brasília.

O procurador Giovanni Melillo, chefe da Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, informou ao procurador-geral da República Paulo Gonet que Vincenzo havia decidido se tornar um pentito — um arrependido, semelhante à colaboração premiada, aqui no Brasil.

“O senhor Pasquino decidiu-se pelo caminho da colaboração com a Justiça, dando declarações e confissões que, já no estado atual (no início das conversas), parecem relevantes também para investigações reservadas à jurisdição da República do Brasil, referindo-se ao tráfico internacional de entorpecentes organizado por grupos criminosos brasileiros ligados ao Primeiro Comando da Capital e ao Comando Vermelho.”

Como era a vida no Brasil antes da prisão

No Brasil, Pasquino teria se juntado a Nicola Assisi e seu filho, dois chefes da Ndrangheta que cuidavam do envio de cocaína da América do Sul para a Europa. Em 2019, pai e filho foram presos em Santos.

A reportagem do Estadão aponta que, tentando se estabelecer, Vincenzo se mudou para Tatuapé, bairro localizado na zona leste de São Paulo. Ali, aconteceria boa parte da liderança da Sintonia do Tomate, o tráfico transatlântico do PCC.

Em 2021, Pasquino estava acompanhado de Rocco Morabito (outro integrante da máfia italiana), quando os dois foram capturados pela Polícia Federal de Brasília (DPF). No ano seguinte, Morabito foi extraditado e Pasquino teve o mesmo destino dois anos depois.

Ainda segundo o Estadão, Vincenzo revelou ao procurador Melilloinformações que envolvem “perigosas famílias da Ndrangheta, originárias de San Luca e Plati (Reggio Calábria), Volpiano (Turim) e Guardavalle (Catanzaro)”, assim como o tráfico pelos portos de Santos, Paranaguá (PR) e João Pessoa (PB).