Mudanças climáticas: em busca de fugir do calor, árvores da Mata Atlântica estão 'migrando' para regiões mais altas
A Mata Atlântica sofreu um aumento de 0,25 °C por década nos últimos 50 anos
Em busca de fugir do aumento das temperaturas, causados pelo aquecimento global, as árvores da Mata Atlântica estão 'migrando' para cima dos morros, segundo uma pesquisa publicada pela revista Journal of Vegetation Science, nessa terça-feira, 23. O artigo foi produzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de Birmingham, da Inglaterra.
Os registros são referentes a espécies de altitude, acostumadas a temperaturas mais frias. As árvores deste tipo, na maioria das vezes, precisam do frio para prosperar e, por causa disso, costumam ser excluídas de locais mais quentes na competição contra espécies menos sensíveis ao calor. O estudo ainda sugere que, com o aquecimento do planeta, essas espécies se tornam mais suscetíveis à extinção.
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Ao todo, 627 espécies de 96 lugares diferentes da mata atlântica brasileira foram analisadas. Os autores, além disso, calcularam um índice que mede o quanto as mudanças climáticas têm alterado a temperatura ideal para cada floresta.
Os resultados apontam que 27% das espécies têm tendência a migrar para altitudes mais elevadas, em busca de climas mais 'agradáveis'. Outros 15% das espécies, localizadas em florestas de baixa altitude, fizeram o movimento contrário: começaram a ‘migrar’ para áreas menos elevadas. A hipótese é que isso acontece por mudanças nas questões de competição.
Os demais 58% não tiveram nenhuma tendência migratória. A Mata Atlântica sofreu um aumento de 0,25 °C por década nos últimos 50 anos.
A pesquisa, segundo os autores, marca a primeira evidência que a composição de espécies das florestas da Mata Atlântica pode ser induzida pelas mudanças climáticas.