Brasil teve aumento no número de bebês internados por problemas respiratórios em 2023
Os números são parte do levantamento do Observatório de Saúde na Infância da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
08:29 | Jul. 23, 2024
Os índices de internações de bebês com menos de um ano por pneumonia, bronquite e bronquiolite em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) apresentaram aumento de 24% em 2023 em relação ao ano de 2022. O levantamento é do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Conforme o estudo, foram 153 mil internações em 2023, uma média de 419 internações por dia, sendo o maior registro dos últimos 15 anos. Os dados mostram também que o SUS desembolsou R$ 154 milhões em 2023 para o tratamento dos bebês internados, aproximadamente R$ 53 milhões a mais que em 2019, um ano antes do início da pandemia de Covid-19.
O levantamento observou as taxas de internação por região e mostrou a tendência de queda até o ano de 2016. Entre 2016 e 2019, os números mudaram para mais ou para menos conforme a região.
Em 2020, primeiro ano da pandemia de coronavírus, as internações tiveram queda de 304%, mas nos anos seguintes apresentaram aumentos constantes até bater o recorde de internações em 2023.
O coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini, explica que as mudanças climáticas e a baixa cobertura vacinal das crianças são as principais hipóteses para as crescentes internações.
“A redução na vacinação contra doenças respiratórias, possivelmente devido à pandemia de Covid-19, e as condições climáticas extremas podem ter contribuído para a vulnerabilidade dos bebês a infecções respiratórias graves”, pontua.
O pesquisador diz ainda que é fundamental manter a vacinação dos bebês e das crianças atualizada e aponta ainda que é importante que as gestantes estejam com as vacinas em dia, tendo em vista que as mães garantem os anticorpos dos bebês nos primeiros meses de vida.
Reforçou também que a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório – aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – deve ser incorporada ao calendário de vacinas do SUS.
Os dados usados no estudo foram obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS, e os dados de nascimento foram acessados pelo Sistema Nacional de Nascidos Vivos entre 2008 e 2023.
Leia mais
-
Ceará tem 12 oficiais promovidos a coronéis para reforço do comando da Polícia Militar
-
Dois novos doutorados são incluídos nos cursos de pós-graduação da Uece
-
Hospital Regional do Sertão Central realiza a primeira cirurgia oncológica
-
Ceará: analfabetismo entre quilombolas atinge quase o dobro da taxa geral
Ceará registrou mais de 6 mil casos de SRAG em 2024
Até a semana epidemiológica 26, que corresponde aos dias 23 a 29 de junho, o Ceará registrou 6.210 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Em nota enviada ao O POVO, a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) informou que crianças e pessoas com mais de 70 anos são os grupos etários com maior registro.
A Sesa informou também que em 3.569 casos (57,5%) não foi especificado o agente etiológico, provavelmente pela não realização do RT-PCR ou devido ao resultado não detectável no painel de vírus respiratórios.
A SRAG por Covid-19 foi confirmada em 343 (5,5%) casos, por Influenza em 825 (13,3%) casos, por OVR (Outros Vírus Respiratórios) em 735 (11,8%) casos, por OAE (Outros Agentes Etiológicos) em 29 (0,5%) casos.
“Geralmente os casos de infecção respiratória aumentam na quadra chuvosa, que variam de ano para ano, mas geralmente entre os meses de fevereiro e maio”, diz a pediatra e coordenadora médica da Emergência do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), Érica Coutinho. “Quando as chuvas começam, as crianças começam a aparecer mais no pronto atendimento com queixas respiratórias”, explica.
Na maioria dos casos, os sintomas podem ser conduzidos em casa ou as pessoas podem procurar os postos de saúde para receberem as orientações. Caso apareçam sintomas como febre alta persistente, dificuldade de respiração, problemas para alimentação, mudança de coloração dos lábios e sonolência, a indicação é buscar um pediatra para avaliação.