Quem foi espionado pela Abin paralela de Bolsonaro, segundo a PF

PF investiga suspeita de espionagem ilegal durante o governo de Jair Bolsonaro contra autoridades e desafetos do ex-presidente. Entre os atingidos estão ministros do STF, parlamentares e jornalistas.
Autor DW Tipo Notícia

Em nova fase da investigação que apura suspeita de espionagem ilegal por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra autoridades e desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Federal (PF) cumpriu nesta quinta-feira (11/07) cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Os fatos sob investigação teriam ocorrido durante o governo Bolsonaro, suspeito de ter usado a Abin para fins pessoais e políticos.

Segundo a PF, a espionagem era feita por meio da invasão de telefones e computadores usando o First Mile, software hacker israelense comprado pela Abin durante a gestão do hoje deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Rio Alexandre Ramagem (PL-RJ).

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Quatro pessoas foram detidas nesta quinta: o ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Mateus Sposito; o ex-servidor da Abin e militar Giancarlo Gomes Rodrigues; o policial federal Marcelo de Araújo Bormevet, que atuava na Abin; e Richards Dyer Pozzer, suspeito de disseminar notícias falsas. Rogério Beraldo de Almeida, apontado como responsável por perfis falsos em redes sociais, segue foragido. Confira, abaixo, quem foi vítima do esquema, segundo a PF.

Sobre o assunto

Ministros do Supremo Tribunal Federal

Um dos alvos da ação clandestina do grupo foi o próprio ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação desta quinta-feira e é relator de diversos inquéritos contra Bolsonaro e seus apoiadores. Um dos documentos apreendidos pela PF, por exemplo, "remete à tentativa de associar deputados federais, bem como exmo. ministro relator Alexandre de Moraes e outros parlamentares à organização criminosa PCC". Além de Moraes, também teriam sido espionados os ministros Luís Roberto Barroso, que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2020 a 2022, Dias Toffoli e Luiz Fux.

Deputados e senadores

Em relação ao Legislativo, a PF identificou ações clandestinas para "caçar podres" dos deputados federais Kim Kataguiri (à época no DEM-SP) e Arthur Lira (PP-AL), que à época ainda não era presidente da Câmara. Outros desafetos de Bolsonaro monitorados pela Abin foram o à época presidente da Câmara Rodrigo Maia (então DEM-RJ), a deputada e ex-aliada Joice Hasselmann (PSL-SP) e o trio de senadores da CPI da Covid Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (à época Rede-AP). Também alvo, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) participou da CPI da Covid e acionou o governo Bolsonaro na Justiça por causa de uma licitação para contratação do software de espionagem Pegasus.

Sobre o assunto

Servidores de órgãos federais, jornalistas e ONGs

A lista de espionados inclui ainda as jornalistas Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo), Vera Magalhães (Roda Viva, Rádio CBN e O Globo) e Luiza Alves Bandeira – à época pesquisadora na área de desinformação pelo DFRLab do Atlantic Council, um think tank americano, tendo sido uma das responsáveis por uma investigação que derrubou páginas bolsonaristas no Facebook.

Outro jornalista monitorado foi Pedro Cesar Batista – que, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, entrou na mira dos agentes por ter organizado um protesto contra Bolsonaro. Entre os alvos da "Abin paralela" estão ainda ONGs como o Instituto Sou da Paz e grupos de ativistas como o Sleeping Giants, que pressionava anunciantes de sites na internet que publicavam desinformação.

Outras vítimas foram o ex-governador de São Paulo João Dória, os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, e os auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto – os três últimos atuaram no relatório que deu origem a uma investigação sobre desvio de salários de assessores, prática conhecida como "rachadinha", pela qual o à época deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho de Bolsonaro, chegou a ser acusado.

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