Educação e futuro: Inteligência Artificial e a importância do humano
A tecnologia está inserida no processo educacional, e especialistas defendem o letramento dos professores e pais, além de mais habilidades socioemocionais aos alunos para lidarem com o futuro“Para o futuro, o mais importante será aprender a aprender.” A frase é do futurista e especialista em Inteligência Artifical (IA), Zack Kass, ex-diretor da empresa que criou o ChatGPT, plataforma que permite estabelecer uma conversa com o usuário a partir do processamento de dados. No meio dos avanços da tecnologia, seus desafios e transformações, a Educação e o que ela vai significar para o que está por vir. Ele participou do Arco Day, evento sobre Educação e Futuro realizado nos dias 18 e 19 de junho, em São Paulo (SP).
Estudioso e entusiasta da IA, Zack destacou as possibilidades que a tecnologia — que permitem aos computadores executar uma variedade de funções avançadas, incluindo a capacidade de ver, entender e traduzir idiomas falados e escritos, além de analisar dados — oferece.
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“Para os professores, é preciso entender que pode facilitar o fazer diário, é a chance de ter ferramentas na ponta dos dedos. IA é mais personalização e eficiência na sala de aula”, explica, destacando que os estudantes precisam pensar sobre como será o futuro e se preparar para ele.
E a perspectiva sobre o que acontecerá não é de longo prazo, muito menos 100% precisa, fechada em uma só versão. Zack fala sobre a AGI - Artificial General Intelligence, onde softwares poderão ser capazes de realizar tarefas para as quais nunca foram treinados. “2030. Precisamos estar preparados para a AGI”, anuncia.
Preparar-se, segundo o futurista, é “aprender a aprender”. “Adquira uma habilidade, aprenda algo que você ame, para você ser realmente bom. É moldar a sua vida onde a IA não pode entrar. Aguçar suas habilidades humanísticas para saber se separar das tecnologias”, detalha.
E essas experiências humanas são adaptabilidade, coragem, curiosidade, empatia, pensamento crítico. “Todas essas habilidades a IA não tem, e o professor tem. O futuro é garantido por isso. Ela vai nos tornar mais humanos, não menos. Falem com os estudantes, saibam que tecnologias eles usam, preparem as gerações para o que ela poderá viver, mostrando que o mundo é bom”, alerta Zack aos professores.
As tecnologias e suas atualizações mostram a demanda por um estado contínuo de mudança. E essa capacidade de mutação de hábitos, mercado e trabalho requer inovação. “Se você não gosta de mudança, você nasceu no século errado”, afirma a professora, escritora e engenheira, Martha Gabriel.
Como analista de inovação e IA, ela destaca que as mudanças serão cada vez mais rápidas e inovar fará diferença. “Inovação é a solução de problemas. É aquilo que acontece no seu dia a dia. Quem evita problemas, foge da oportunidade de inovar”, analisa.
“Precisa educá-los para entender essas mudanças e as novas tecnologias. E que isso reflita na escola e nas escolhas daquele estudante. Mostrar estatísticas, fazer um podcast na escola para discutir são algumas formas de conversar com os pais sobre isso. Fazer o letramento mesmo, de pais e professores. Letramento em futuro.”
E nessa perspectiva de estar preparado para as tantas demandas que o futuro poderá ter, o psicólogo e jornalista, estudioso sobre inteligência emocional, Daniel Goleman, destaca a neurobiologia do desgaste, as alterações neuropsicológicas causadas pelo estresse. “Saber lidar com o estresse será cada vez mais importante. Habilidade de sobrevivência para o futuro”, diz.
Ele explica a lógica do que chama de “cérebro social”, sobre a socialização, quando duas pessoas, dois cérebros se conectam e formam uma “ponte”. “E isso diz como o outro está se sentindo, isso mantém as pessoas na mesma página (sintonia)”, detalha.
É então a caracterização da empatia. “Uma preocupação com a Inteligência Artificial é isso, de ser um uso incorreto, uma arma que não se importe com o outro, com o humano”, avalia.
Daniel Goldman faz questão de diferenciar a mensuração de QI e de Interação Socioemocional. Conforme ele, a primeira muda pouco durante a vida do indivíduo e tem como destaque a rapidez de aprendizado; a segunda é mais fluida, pode ser aprendida a qualquer momento da vida e não há como medi-la.
“E é preciso destacar que os pais são os primeiros coachs de inteligência emocional, então os melhores programas socioemocionais para os jovens devem interagir com os pais”, frisa.
A jornalista viajou a São Paulo a convite da Arco Educação, realizadora do evento