Pele de tilápia será utilizada no tratamento de animais feridos em enchentes no RS

A maior parte dos animais tratados com a pele de tilápia serão cavalos com ferimentos ocasionados pela submersão na água

Um modelo de tratamento feito a partir da pele de tilápia, desenvolvido pela Universidade Federal do Ceará (UFC), será utilizado nos animais feridos durante as enchentes do Rio Grande do Sul. Os curativos biológicos podem permanecer por um longo período de tempo na ferida, o que reduz a quantidade de trocas de curativos, a perda de líquidos do animal e potencializa a cicatrização.

Preliminarmente, a maior parte dos animais tratados com a pele de tilápia serão cavalos com ferimentos ocasionados pela submersão na água. Este tipo de ferida se desenvolve após o animal passar muito tempo com as patas debaixo d 'água.

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No último dia 3, a Universidade encaminhou ao estado de Santa Catarina um primeiro lote contendo 300 curativos biológicos, posteriormente, os itens foram enviados ao município de Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre. Outro lote de 300 curativos está sendo preparado pela UFC para ser levado ao Sul em até 20 dias.

Antes de chegar ao Rio Grande do Sul, o produto passa por um processo de radioesterilização no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen), em São Paulo, o que aumenta a durabilidade das peles em até três anos e permite melhor conservação em temperatura ambiente.

A técnica feita a partir da pele do peixe de água doce possui alta concentração de colágeno, o que favorece o processo de cicatrização. Ele pode permanecer fixado na pele do animal por 10 a 12 corridos, o que evita a troca diária de curativo e a perda de líquidos, prevenindo, também, infecções.

Os benefícios da pele de tilápia para aplicações médicas têm sido objeto de estudo da UFC desde 2015. A princípio, o curativo biológico era usado sobretudo para o tratamento de queimaduras, e, em 2020, a técnica foi aplicada nos animais queimados durante os incêndios no Pantanal

Atualmente, o procedimento cearense foi ampliado para outros estados brasileiros e exportado para outros países. Em 2018, pesquisadores da Califórnia, nos Estados Unidos, utilizaram a pele de tilápia para tratar ursos e pumas queimados.

O modelo também foi aplicado com sucesso em cirurgias ginecológicas, em pacientes com câncer pélvico e no procedimento cirúrgico de reconstrução vaginal em mulheres com síndrome de Rokitansky, uma condição caracterizada pela ausência ou desenvolvimento insuficiente dos órgãos genitais internos.

Além disso, a membrana de peixe também já foi utilizada em tratamentos de úlceras, em cirurgias de hérnia abdominal, na cardiologia, na nefrologia, na otorrinolaringologia, em endoscopias e outros.

Em outubro do ano passado, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) outorgou a patente da técnica para a UFC.

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