Datafolha: estudantes do ensino médio têm preferência por currículo flexível
A pesquisa, encomendada pelo Todos Pela Educação, pretende contribuir com as discussões acerda da reforma do Ensino Médio, que entrou em vigor em 2022O Instituto Datafolha, contratado pela ONG Todos pela Educação, realizou levantamento com jovens que estejam ingressando no ensino médio em 2024 para saber a opinião sobre a reforma nesta etapa educacional.
O levantamento revela que dois em cada três adolescentes entre os 14 e os 16 anos que ingressaram no ensino médio em 2024 preferem currículo flexível, para que haja a oportunidade de aprofundar os conhecimentos em uma área de conhecimento de sua escolha ou para ter um curso técnico profissionalizante em paralelo ao ensino médio.
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Assim, 65% dos entrevistados desejam um currículo flexível. Do total, 35% têm preferência por uma escola que oferte — em parte do tempo — as mesmas disciplinas para todos os alunos e, em outra, a possibilidade de aprofundar conhecimentos e disciplinas apresentam vantagem. Já 29% optariam por uma escola que ofereça a combinação de uma parte com as mesmas disciplinas para todos os alunos e outra com a oportunidade da realização de um curso técnico profissionalizante.
Por outro lado, 34% prefeririam a manutenção do modelo de antes da reforma, com as mesmas disciplinas em todo o ensino médio.
Ao considerar apenas os entrevistados que afirmam estar bem informados sobre o Novo Ensino Médio — apenas 8% do total —, a preferência pelas opções flexíveis sobe para 79%, sendo 38% para o aprofundamento em uma área do conhecimento e 42% na escolha de um curso técnico.
Conforme o diretor de Políticas Públicas do Todos pela Educação, Gabriel Corrêa, o objetivo principal é dar voz aos estudantes que estão chegando no ensino médio.
“A gente espera contribuir para que poder público brasileiro possa convergir, de chegar nos ajustes necessários necessários para a gente ter um ensino médio melhor no Brasil”, disse.
Corrêa destaca também que essa maioria de alunos que quer o currículo flexível está alinhado com a essência do novo ensino médio (NEM) e que isso precisa ser preservado, e é preciso agora que o Governo Federal e o Congresso trabalhem para definir os ajustes no modelo do NEM, instituído em 2022.
O diretor-executivo do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, explica que mesmo que a pesquisa não seja uma avaliação da atuação do Novo Ensino Médio como está hoje — com uma série de problemas que precisam ser corrigidos, segundo avalia —, os dados mostram que os princípios são sim defendidos pela maioria dos jovens, sobretudo aqueles que conhecem bem o modelo.
“Mais do que isso, porém, os dados fornecem novos subsídios para aperfeiçoar a proposta legislativa que busca ajustar o modelo e que está em fase final de tramitação no Congresso Nacional. Um desses subsídios está no dado revelado pela pesquisa: oito em cada dez jovens indicaram que gostariam de aprofundar seus estudos, na parte flexível do ensino médio, em apenas uma área, outros 15 % indicam duas áreas”, diz.
Ele complementa dizendo que o dado é importante para que haja debate sobre os caminhos de aprofundamento da etapa, em que uma das propostas é a combinação de três áreas do conhecimento.
Os dados mostram ainda que 53% dos entrevistados disseram não conhecer ou não estar bem informados sobre a reforma do Ensino Médio. Entre os que afirmam saber sobre as mudanças nesta etapa, 34% as avaliam como “muito positivas”; 36% as avaliam como “um pouco positivas”, 6% “nem positivo, nem negativo” e 4% não souberam opinar.
Quando se acrescenta o recorte para aqueles que afirmam “ter tomado conhecimento e estão bem informados”, o percentual de “muito positivo” sobe para 47%.
Efeito do Enem
O Datafolha perguntou ainda aos jovens que se interessam em fazer um curso técnico se eles desistiriam da opção caso afetasse a carga horária de aulas das disciplinas que são cobradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em vestibulares.
Para o questionamento, 77% dos entrevistados demonstraram interesse em fazer o curso técnico e dizem que ficariam mais tempo na escola para a realização do curso, e 21% declararam que desistiram da formação técnica integrada ao ensino médio.
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Metodologia da pesquisa
O instituto Datafolha realizou a pesquisa com jovens na faixa etária de 14 a 16 anos de escolas públicas e privadas que ingressaram no primeiro ano do ensino médio em 2024, com a metodologia quantitativa por meio de entrevistas pessoais.
Os entrevistados que participaram do estudo foram abordados em pontos de fluxo populacional que estavam divididos nas áreas pesquisadas. A conversa foi realizada entre os dias 29 de janeiro e 06 de fevereiro de 2024, com duração de 9 minutos no preenchimento do questionário.
Com abrangência nacional, incluiu Regiões Metropolitanas e cidades do interior de diferentes portes, em 113 municípios das 5 regiões do Brasil. Ao todo, 462 pessoas foram ouvidas e o estudo tem margem de erro de 5 pontos percentuais para mais ou para menos com 95% de nível de confiança.
Quadro de resultados
Modelo de Escola desejado (estimulada e única)
- 35% - Uma escola em que posso fazer as mesmas disciplinas que os meus colegas durante os três anos do Ensino Médio;
- 35% - Uma escola em que eu escolho aprofundar meus conhecimentos nas disciplinas que tenho maior interesse;
- 29% - Uma escola em que faço um curso técnico em uma área profissional do meu interesse
Já ouviu falar no Novo Ensino Médio?
- 53% não têm conhecimento
- 28% tomou conhecimento e está mais ou menos informado
- 9% tomou conhecimento e está mal informado
- 8% tomou conhecimento e está bem informado
- 2% não souberam responder
PERFIL DA PESQUISA
Por gênero
- 51% Masculino
- 49% Feminino
Por idade
- 23% com 14 anos
- 53% com 15 anos
- 23% com 16 anos
Por Raça/Cor (autodeclarada)
- 47% Parda
- 29% Branca
- 19% Preta
- 2% Indígena
- 2% Amarela
- 1% Outras
Por Região
- 38% Sudeste
- 29% Nordeste
- 15% Sul
- 11% Norte
- 7% Centro-Oeste
Matriculado no ensino profissional técnico para nível médio
- 75% não
- 15% sim
- 10% não sabem
Fonte: Datafolha
Observação: Os valores percentuais foram arredondados (para cima ou para baixo) quando houve quebra decimal