Desigualdade: como gênero e raça impactam educação, saúde e direitos de mulheres

Discrepâncias são notadas também entre mulheres brancas e negras. Desigualdades históricas influenciam desde a frequência escolar de uma pessoa até a violência a qual ela está exposta

Em sua 3ª edição, o estudo “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, lançado pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 8, divulga um compilado de dados que demonstram como o gênero e a raça afetam a vida das mulheres brasileiras.

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O levantamento traz 51 indicadores sociais quantitativos com recorte de gênero em cinco temas: empoderamento econômico, educação, saúde e serviços relacionados, vida pública e tomada de decisões e direitos humanos das mulheres e das meninas. Os dados fazem parte do Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero (CMIG), elaborado pela Comissão Estatística das Nações Unidas.

A partir deles, é possível notar desigualdades históricas que influenciam desde a frequência escolar de uma pessoa até a violência a qual ela está exposta. Os recortes raciais e por região do Brasil deixam evidentes como outros aspectos, somados ao gênero, podem agravar a disparidade de direitos.

Educação

Nível de instrução de mulheres brancas é maior que de mulheres negras

Mulheres brancas brasileiras, em média, atingem um maior nível de instrução do que mulheres pretas e homens. Entre pessoas de 25 anos ou mais, 29% das mulheres brancas chegam a concluir o ensino superior, enquanto apenas 14,7% das mulheres pretas alcançam esse nível educacional. A estatística do grupo supera também a de homens brancos (24,9%) e pretos (10,3%).

Nordestinas têm taxa de conclusão no ensino médio menor que média do Brasil

Enquanto a taxa de conclusão do ensino médio de mulheres no Brasil é de 76,9%, a média das nordestinas que chegam ao fim desta etapa escolar é de 70,2%. A taxa de nordestinas negras é ainda menor, com 67,8%.

Mulheres ainda são minoria em cursos superiores da área de tecnologia

Apesar de serem maioria dos concluintes dos cursos superiores, as mulheres ainda não estão em equidade com homens nas matrículas em áreas de tecnologia, exatas e engenharias. Nas áreas de tecnologias da informação e comunicação, por exemplo, elas são 20,2% dos matriculados. Nas engenharias e áreas correlatas fazem parte de 22,7% dos alunos.

Saúde

Mulheres negras têm menos acesso ao pré-natal completo

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são recomendadas pelo menos seis consultas de pré-natal durante a gestação. No Brasil, 84,2% das mulheres chegam às seis consultas. No entanto, mulheres pretas ou pardas têm taxa mais baixa, com 83%.

Direitos humanos

Meninas são maioria em casamentos infantis

Em 2021, 16.991 meninas de até 17 anos se casaram no Brasil, enquanto 1.915 meninos dessa faixa etária casaram. No Ceará, a proporção de meninas também é maior, com 686 casamentos envolvendo cônjuges do gênero feminino e 87 do gênero masculino. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o casamento infantil é a união formal ou informal em que pelo menos uma das partes tenha menos de 18 anos.

Economia

Mulheres dedicam quase o dobro de horas nos afazeres domésticos do que homens no Ceará

As mulheres dedicam quase o dobro de horas para o trabalho doméstico e cuidados de pessoas em comparação a homens no Ceará. O grupo feminino a partir de 14 anos de idade concede, em média, 24,4 horas semanais a esses afazeres. O masculino, 12,6 horas.

Renda mensal de mulheres é 21% menor que a dos homens no Brasil

A renda mensal das mulheres é 21,1% menor que a dos homens no Brasil. Enquanto o grupo masculino ganhava R$ 2.920 em média, o feminino recebia R$ 2.303. Isso significa que as mulheres ganhavam 78,9% do total de rendimento dos homens.

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