Parte da Amazônia pode atingir ponto de inflexão e entrar em colapso até 2050, aponta pesquisa
Caso o ponto seja atingido, o espaço não conseguirá cumprir seu papel ecológico. A situação agravaria as mudanças climáticas e geraria uma série de impactosUma pesquisa divulgada nessa quarta-feira, 14, aponta que quase metade - de 10% a 47% - da Amazônia caminha para ponto de inflexão, quando a floresta não consegue se auto-recuperar e, por causa disso, entra em colapso, total ou parcial. É, em outras palavras, o ponto de não retorno. O artigo, intitulado de Critical transitions in the Amazon forest system, foi publicado na Nature, um dos periódicos científicos mais relevantes do mundo.
Caso o ponto seja atingido, o espaço não conseguirá cumprir seu papel ecológico. A situação agravaria as mudanças climáticas e geraria uma série de impactos, dentro e fora da região amazônica.
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O colapso, de acordo com estimativas do estudo, pode ser alcançado caso o desmatamento da floresta fique em torno de 20% a 25%. Dependendo do critério utilizado, o número está, no momento, entre 14% a 20%.
Os pesquisadores ressaltam que é preciso interromper o desmatamento e expandir iniciativas de reflorestamento. Nos últimos cinco anos, a floresta perdeu 54,6 mil km² em território brasileiro, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Estamos nos aproximando de todos os limiares. No ritmo em que estamos, todos serão alcançados neste século. E a interação entre todos eles pode fazer com que aconteça antes do esperado", citou Bernardo Flores, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, à Folha de S. Paulo.
Devido ao El Niño, do aquecimento do Atlântico Tropical Norte, das mudanças climáticas e da degradação da floresta, a Amazônia brasileira viveu, já em 2023, uma seca histórica. O local teve recordes de baixas dos rios, incêndios etc.
A pesquisa recebeu apoio do Instituto Serrapilheira e foi liderada por Marina Hirota e Bernardo Flores, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Também participaram Carlos Nobre, José Marengo e Erika Berenguer.