Dentista é presa suspeita de deformar pacientes e vender cursos ilegais por R$ 10 mil
A investigação apontou que os cursos oferecidos por Hellen Kacia não são reconhecidos pelo MEC. Porém, a informação constava no contrato com alunos; sabia maisA dentista Hellen Kacia Matias da Silva foi presa por suspeita de deformar rosto de pacientes após realizar procedimentos estéticos que só podem ser feitos por cirurgiões plásticos. De acordo com a Polícia Civil de Goiânia (PCGO), a odontóloga ministrava cursos técnicos que chegavam a custar mais de R$ 10 mil.
A investigação apontou que os cursos oferecidos por Hellen não são reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC). Ainda assim, essa informação constava no contrato oferecido aos alunos.
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Uma das formações ministradas pela dentista se tratava da realização de cirurgias faciais, cuja carga horária era de três dias. Esta modalidade custava mais de R$ 10 mil por estudante. Estes cursos só poderiam ser aplicados por médicos
De acordo com a apuração da Polícia Civil, profissionais de diversas cidades do Brasil fizeram o curso. A corporação ainda não contabilizou quantos são.
Em postagens de divulgação nas redes sociais, é possível identificar que Hellen também ministrava cursos de harmonização ortofacial - como era chamado por ela.
A formação de 120 horas inclui técnicas de preenchimento facial, toxina botulínica, lipossucção, lipo enzimática, fios de sustentação e jato de plasma. Todos estes procedimentos são destinados à harmonização do rosto.
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O Conselho Federal de Odontologia (CFO) informou que “medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas, obedecendo o devido sigilo aplicável ao caso”.
A defesa da odontóloga informou que o mandado de prisão considerou que a profissional descumpriu a ordem da Justiça que a proibia de realizar cirurgias estético faciais após o dia 22 de novembro de 2023 - data em que a Polícia Civil cumpriu mandados na clínica dela a primeira vez.
Porém, as advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo alegam que a Justiça confundiu o procedimento realizado pela dentista e que, por esse motivo, a prisão da profissional foi feita de forma "arbitrária e injusta".
A divulgação da imagem e nome da dentista foi permitida pela Polícia Civil com o intuito de que novas vítimas procurem a delegacia para denunciar crimes.
Confira a íntegra da nota de defesa da dentista
"A defesa da odontóloga Hellen Matias alega que a prisão da profissional – realizada no dia 30 de janeiro – foi feita de forma arbitrária e injusta, já que a mesma não descumpriu determinação da Justiça, que a proibia de realizar cirurgias estético faciais após o dia 22 de novembro.
Segundo as advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo, que representam a dentista, a Justiça confundiu o procedimento realizado. A profissional – que tem a especialidade buco maxilo facial, realizou, após o dia 22 de novembro, procedimento reparador e não estético, dentro da competência da especialidade da profissional. Ela corrigiu lesão em uma paciente como uma complicação de procedimento (ectrópio) realizado anteriormente por uma outra profissional, o que é permitido pela resolução 65, artigo 41, do Conselho Regional de Odontologia (CRO).
A defesa reitera que o procedimento foi reparador, uma sutura feita na paciente para sanar uma intercorrência ocasionada por cirurgia prévia realizada por outra profissional e não uma blefaroplastia, como consta nos autos e no próprio depoimento da paciente.
Sob a condução das investigações, a defesa reclama que estão sendo veiculadas imagens de procedimentos com intercorrências que não foram realizados pela dentista Hellen Matias. Fotos que, inclusive, não são de pacientes da odontóloga, mas casos que foram levados para discussão em grupo de estudo, o que está muito claro no processo, até mesmo banco de imagens. As advogadas afirmam também que as fotos divulgadas foram descontextualizadas. Em sua grande maioria são de reações inerentes aos procedimentos e ao processo de cicatrização, como hematomas, inchaços e intercorrências normais.
As advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo alegam que o vazamento das imagens – que deveriam ser sigilosas, posto que não submetidas ainda ao crivo do contraditório – demonstra falta de lisura nas investigações. A propósito, o laudo do exame de corpo de delito que fundamenta a prisão da dentista comprova que não houve a execução de cirurgia estética facial pela Dra Hellen Matias, mas sim por outra profissional.
Todas essas alegações serão apresentadas pela defesa durante a audiência de custódia, que será realizada na tarde desta quarta-feira (31), no Fórum Cívil,3 Vara Criminal, mezanino, sala M 3 C, às 17 horas, do dia 31 de janeiro de 2024".
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