Turistas encontram câmera escondida em quarto de resort em Pernambuco

A Polícia Civil de Pernambuco investiga caso relatado por turistas que se hospedaram em residencial na Região Metropolitana do Recife e identificaram uma câmera de vídeo instalada em frente à cama. O imóvel se chama Oka Beach Residence, localizado na praia de Muro Alto, em Porto de Galinhas.

O casal se hospedou no local entre 13 e 17 de janeiro, com duas amigas noutro quarto. Advogado dos turistas, Roque Henrique Campos afirmou ao portal g1 Pernambuco que nenhum indivíduo foi identificado por receio à exposição.

Segundo Campos, a esposa é acompanhada por profissional de psicologia e teme que as imagens se tornem públicas. “É uma situação muito sensível, que envolve a intimidade do casal”, declarou o advogado.

As autoridades pernambucanas investigam a ocorrência como crime de “registro não autorizado de intimidade sexual” (Art. 216-b do Código Penal). A pena é de detenção de seis meses a um ano, além de multa.

Delegado que investiga o caso, Ney Luiz Rodrigues afirmou que “a pessoa que instala tem a intenção de captar cenas de sexo ou nudez”.

Turistas encontram câmera em resort: como foi a descoberta?

De acordo com Roque Henrique Campos, a esposa ouviu, no fim da tarde da terça-feira, 16, um barulho próximo à televisão do quarto. Ela encontrou um receptor de tomada, mas não identificou a que o objeto estava conectado.

Usando a lanterna do celular — técnica útil para identificar lentes de filmagem/fotografia —, a mulher descobriu a câmera. Ao pesquisar na Internet, o marido compreendeu se tratar de um modelo “espião”.

Após ser alertada pelos clientes sobre a descoberta, a gerência do resort enviou um funcionário para fotografar o objeto.

Uma das amigas que viajava com o casal contatou uma advogada, que orientou o grupo a realizar Boletim de Ocorrência (BO). Na noite do mesmo dia, uma denúncia foi formalizada na Delegacia da 43ª Circunscrição, em Porto de Galinhas.

Câmera em quarto de resort: turistas ponderam processar empresas

Ainda em entrevista ao portal g1 Pernambuco, Roque Campos detalhou que a gestão do resort ofereceu uma troca de quarto ao casal, após a descoberta da câmera. Os dois decidiram permanecer no mesmo quarto, visto que era o último dia de hospedagem, e colocaram um papel na câmera.

Na quarta, 17 de janeiro, a polícia telefonou para o casal, solicitando a presença dos dois durante uma perícia. Porém, os turistas estavam no Aeroporto Internacional do Recife, prestes a retornar para São Paulo.

As vítimas não foram comunicadas, conforme o advogado, quanto ao conteúdo das imagens encontradas na câmera. “Vou entrar com liminar ainda esta semana para que qualquer conteúdo de imagens que possa existir seja tornado sigiloso, juntamente com o processo”, acrescentou ele.

O casal pondera processar a Carpe Diem, administradora do resort, e a plataforma Booking.com, responsável pela contratação da hospedagem. “A responsabilidade cabe à administração, que deveria ter feito toda a análise do quarto; e à própria Booking, que fez o registro e ofereceu uma segurança que não existe”, pontuou o advogado.

A empresa Booking.com se posicionou sobre o caso em nota ao final da matéria.

Câmera em quarto de resort: como se prevenir?

Segundo o delegado Ney Luiz Rodrigues, aparelhos de ar-condicionado, televisão e abajur são os principais objetos adulterados para a instalação de câmeras. Isso geralmente acontece em quartos e banheiros.

O delegado também mencionou a existência de aplicativos que ajudam a identificar câmeras conectadas à rede Wi-Fi do local. Ele acrescentou: “Apague a luz do quarto e, com o próprio celular, ligue a lanterna e passe pelo quarto. Se existir uma câmera, ela provavelmente vai refletir a luz”.

“A plataforma também é responsável por aquele ambiente; então, sempre que houver uma situação como essa, fale com a plataforma e informe a presença da câmera”, finaliza o delegado.

Câmera em quarto de resort: nota da empresa Booking.com

Confira a nota completa da empresa a seguir:

“A Booking.com está ciente do ocorrido e lamenta a situação relatada. Esta não é uma experiência que queremos para nenhum dos nossos clientes e esperamos mais dos nossos parceiros de acomodação. Nossas equipes estão analisando detalhadamente este caso, e a propriedade já está e permanecerá suspensa da plataforma durante a investigação, para que não possa ser reservada pelos viajantes. Além disso, a plataforma está à disposição para colaborar com as autoridades.”