Indígena é assassinada na Bahia; dois fazendeiros são presos
Além de Nega Pataxó, duas lideranças foram baleadas. Outras pessoas foram hospitalizadas. Dois fazendeiros foram presos por porte ilegal de arma
01:48 | Jan. 22, 2024
Nega Pataxó foi assassinada na tarde desse domingo, 21, após um conflito entre fazendeiros, policiais militares e indígenasno território Caramuru, município de Potiraguá, no extremo sul da Bahia. Nega Pataxó é irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, do povo Pataxó-hã-hã-hãe. A informação é da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Segundo a Apib, além dela, o cacique e uma outra liderança indígena também foram baleados. O estado de saúde deles não foi informado até este momento.
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Além disso, duas pessoas foram espancadas, uma mulher teve o braço quebrado e outras pessoas foram hospitalizadas, mas sem gravidade. Dois fazendeiros foram presos por porte ilegal de arma.
De acordo com a Apib, a retomada de uma fazenda por parte dos indígenas como parte do território Caramuru teve início na madrugada de sábado, 20.
Indígena morta na Bahia: fazendeiros se mobilizaram pelo WhatsApp
Após mobilização dos ruralistas da região pelo WhatsApp, os indígenas foram cercados por homens que chegaram ao local com dezenas de caminhonetes. A mobilização via internet convocava os fazendeiros e comerciantes para realizar a reintegração de posse da fazenda com as próprias mãos.
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"A região enfrenta os desmandos de fazendeiros invasores que se dizem proprietários das terras tradicionais e acusam o povo de ser 'falso índio'. A aprovação do marco temporal acentua a intransigência dos invasores, que se sentem autorizados a praticar todo tipo de violência contra as pessoas", critica a Apib.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um dos feridos no chão, cercado pelo grupo de ruralistas comemorando a ação violenta, narra a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Policiais, informou a Apib, teriam participado dessa violência contra os indígenas.
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“Exigimos acompanhamento das autoridades e apuração do caso. Reiteramos que a demarcação das terras indígenas é o único caminho para amenizar a escalada de violência que atinge os povos da região sul da Bahia”, disse a Apib, por meio de nota.
A Agência Brasil tentou contato por e-mail com o Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar da Bahia, mas não teve retorno até o fechamento dessa reportagem. (Com Agência Brasil)