Abelhas sem ferrão: criador explica benefícios do mel produzido

Inofensivas e endêmicas, a espécie nativa do Brasil pode ser criada também como hobbie em áreas urbanas e rurais

Desde os 6 anos de idade, o potiguar Ezequiel de Macedo realiza uma produção de mel diferente da habitual no Brasil. Sem necessidade de todo aquele aparato e proteção para o trato com as abelhas, a meliponicultura consiste na criação da espécie brasileira, também chamada de “abelhas sem ferrão”.

Desde então, são mais de 40 anos de cuidado com esses insetos que, além de inofensivos, são produtores de um mel rico em sabor e benefícios para a saúde humana. A combinação tem levado diferentes tipos de pessoas e empresas para o meliponário de Ezequiel, em Jardim do Seridó, no Rio Grande do Norte. Lá, o público pode adquirir as abelhas tanto para criá-las como animal de estimação quanto para produção e comercialização do mel.

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O POVO - De onde vem o nome dessas abelhas? Elas são animais que nasceram sem o ferrão?

Ezequiel de Macedo - Na verdade, elas têm o ferrão atrofiado, que não serve de maneira alguma para ferroar. Não há possibilidade de elas ferroarem. Desde que Deus as criou, elas são assim, nunca vão mudar. Não há o risco de haver o cruzamento de uma espécie com ferrão e outra sem ferrão e gerar uma abelha que possa vir a causar problemas.

OP - Em anos passados, o seu meliponário chegou a doar colmeias de abelhas para famílias de baixa renda. Como foi feita essa doação?

Ezequiel - Eu comecei a criar abelhas aos 6 anos de idade. Já são 43 anos dedicados às abelhas. Nesse tempo todo, a gente desenvolveu novas colmeias, novos trabalhos e conseguimos atrair a atenção de empresas que, fazendo projetos socioambientais, patrocinaram a fábrica de abelhas, e a gente pode fazer distribuição de colmeias para famílias de pequenos agricultores na região semiárida, para que eles tivessem essas abelhas como geração de renda. O mel das abelhas sem ferrão, geralmente, custa dez vezes o preço da abelha comum devido à sua qualidade e sabor.

OP -  Qual a quantia que cada família pode receber com essas colmeias?

Ezequiel - Para você ter uma ideia, existem tipos de méis de abelhas sem ferrão que custam de R$ 200 a R$ 300 o litro. Por exemplo, a pessoa pôde ter uma colmeia em casa que produza dois litros, três litros de méis por ano. Se ela destinar esse mel para venda, ela vai ter um retorno de uns R$ 500.

OP -  O valor elevado desse mel se deve muito às propriedades medicinais que ele tem. Por qual motivo ele é tão benéfico à saúde?

Ezequiel  - Porque o mel das abelhas sem ferrão, ele é um pouco mais líquido do que o mel da abelha comum, ele tem certo grau de umidade a mais. Então, para que ele não estrague, as abelhas colocam mais propriedades antibacterianas nesse mel. Por exemplo, você está com uma inflamação de garganta, algo muito severo, então o mel da abelha sem ferrão vai agir de forma muito mais eficaz do que o mel da abelha que ferroa.

OP -  Além dos benefícios a quem cria, essas abelhas também trazem melhorias para os ambientes onde são criadas. Poderia detalhar quais são esses benefícios?

Ezequiel - O principal trabalho das abelhas no sentido da natureza é a questão da polinização das flores. Se você tem as colmeias em sua casa, você está ajudando as plantas que você talvez tenha no seu quintal, ou próximas à sua casa, ou na sua propriedade você tem árvores frutíferas. Então, essas abelhas vão polinizar as flores, seja de goiaba, seja de limão, de laranja, de acerola… As diversas plantas frutíferas. Diversas culturas que sendo polinizadas pelas abelhas vão produzir frutos maiores e melhores.

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