Maceió: Mina 18 da Braskem tem rompimento parcial, confirma prefeito

Integrante do movimento de vítimas da mineradora divulga situação e pede proteção após relatar ter sofrido ameaças de morte

Uma parte da mina 18, cavada pela Braskem e que estava sinalizada como área de risco de colapso, sofreu um rompimento, informa neste domingo, 10, a Defesa Civil de Maceió (AL), que está monitorando o local. De acordo com o boletim, a superfície da mina teria cedido, nas últimas 24 horas, cerca de 12,5 cm.

Em vídeo que circula nas redes sociais, é possível observar o rompimento em um trecho da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, que foi esvaziado nos últimos anos em decorrência da iminência de uma tragédia. As imagens mostram que, em determinado ponto próximo às margens, a água da superfície da lagoa começa a se agitar intensamente, indicando o rompimento do ponto.

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Mais cedo neste domingo, havia sido divulgado que o ritmo de movimentação do solo sobre a mina da Braskem estava em desaceleração, de 0,54 cm/h para 0,52 cm/h. Por volta das 13h30min de hoje, porém, moradores do entorno da lagoa divulgaram que haviam ouvido um forte estrondo. Em seguida, o movimento na superfície da água, indicativo do rompimento, foi visto.

Logo em seguida o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), do PL, publicou em sua conta no X (antigo Twitter) que a mina 18 havia sofrido um rompimento e anunciou que estava se preparando para sobrevoar a área acompanhado de uma equipe técnica. Além disso, afirmou que não haveria qualquer risco para as pessoas, visto que a área está totalmente desocupada.

"A situação aqui é de pânico, de terror, porque a gente não sabe o que pode acontecer com a gente a partir de agora. O satélite não consegue captar várias minas, então a situação aqui é de risco", relata Maylda Farias, uma das criadoras do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (Muvb).

Segundo ela, a negativa do prefeito de que o colapso ofereceria riscos à população não seria totalmente verídica. "Começou o efeito sumidouro [visto na superfície da lagoa] e tem pessoas na borda. O problema é quem essa mina vai arrastar. O efeito dominó pode estar começando agora" afirma.

Vítimas relatam ameaças e intimidações

Maylda contou ao O POVO que ela e um companheiro do Movimento das Vítimas vêm sofrendo ameaças frequentes desde que começaram a dar entrevistas denunciando a situação. Ao O POVO, por diversas vezes reforçou seu pedido por proteção.

"Ontem à noite recebi uma ligação que dizia pra eu me calar e sair da luta. Alguns dias atrás, recebemos ameaças de que matariam outro companheiro em um canavial. Tenho dois filhos e um marido, peço proteção para minha família. Se acontecer de eu aparecer morta, quero que todos saibam que as ameaças voltaram", relatou.

Visita do prefeito JHC

Poucos minutos antes das 17 horas (horário de Brasília), o prefeito João Henrique Caldas publicou dois vídeos sobrevoando em um helicóptero a região da mina 18, e da Lagoa Mundaú.

"Estamos sobrevoando a área, fazendo essa verificação in loco [no local]. Como vocês podem perceber, nós temos um nível de afundamento ali onde aconteceu o rompimento da mina, e essa é a situação atual", afirma.

Em seguida, o prefeito anuncia a perspectiva de que o diâmetro do rompimento seja de 60 metros.

"Há um fluxo de lama que chega dessa parte e uma tendência, agora, de estabilização. Os dados e impactos ambientais só podem ser medidos após todo o evento", completa ele, que reafirmou na legenda dos vídeos a completa desocupação do entorno e a ausência de riscos para as pessoas.

Atualizada em 10/12/2023, às 17h20min

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