Pedido com frase racista é feito à restaurante no RS: "Não gosto de pessoas assim encostando na minha comida"

Conta utilizada na compra foi criada na mesma data e não realizou outros pedidos; número do apartamento e nome da proprietária também estavam errados

13:41 | Nov. 16, 2023

Por: Kleber Carvalho
Hipótese de trote não é descartada pela Polícia. Conta foi bloqueada, mas seria falsa (foto: Reprodução/Twitter via @fernandapsol)

Um pedido de delivery, feito com frase racista, está sendo investigado pela Polícia Civil de Campo Bom, município da Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Na solicitação de entrega, feita na última terça-feira, 14, a suposta cliente pedia que um motoboy branco fizesse o transporte do alimento e afirmava que não gostava de pessoas pretas tocando na comida dela.

De imediato, o restaurante cancelou o pedido e acionou a Polícia Civil. Uma das proprietárias, Daniela Rodrigues, respondeu à observação pedindo que a “cliente” não comprasse mais no estabelecimento e, após isso, também foi ofendida. As informações são do g1 Rio Grande do Sul.

O texto completo dizia: "Última vez veio um motoboy negro, peço a gentileza que mande um branco, não gosto de pessoas assim tocando a minha comida”. O motoboy a quem a mensagem se refere é Gabriel Fernandes, marido de Daniele e também sócio do comércio.

Perfil utilizado no pedido seria falso

De acordo com o delegado Rodrigo Câmara, que comanda as investigações do caso, o número do apartamento e o nome atribuídos à pessoa que fez o pedido eram falsos. Câmara ainda afirma que a Polícia tenta encontrar o responsável pela ofensa por meio do rastreamento do pagamento da compra.

“Se a intenção foi ofender alguém especificamente, vai responder pelo crime de injúria racial. Por outro lado, se a intenção foi discriminar um grupo de pessoas em razão da cor da pele, então deve responder por um dos tipos penais de racismo", afirmou o delegado em entrevista ao g1 RJ.

Segundo o delegado, a hipótese de o caso ter se tratado de um trote também não é descartada.

A conta que realizou o pedido foi criada na terça-feira e não realizou nenhuma outra compra, conforme informou o Ifood, plataforma onde a solicitação foi feita, em nota enviada ao portal.

“Já estamos tomando as providências para o bloqueio do cliente e seguimos à disposição das autoridades para quaisquer informações necessárias. Toda vez que um entregador ou restaurante parceiro identifica um pedido com dados errados ou comportamentos discriminatórios, a orientação é informar diretamente à plataforma sobre o ocorrido, para que possamos tomar as providências imediatamente", diz a nota assinada pelo aplicativo.

Ainda no texto, a empresa de entregas afirma que os entregadores parceiros contam com suporte jurídico e psicológico, fornecido em parceria com a organização global de advogadas negras Black Sisters In Law.

“Para ter acesso, os profissionais precisam acessar a área de Alerta de Casos Graves, dentro do app iFood para Entregadores, e realizar a denúncia com todas as informações do caso", conclui a empresa.