Influenciador evangélico é preso após denúncias de estupro

Fundador do movimento evangélico Galpão, em Alphaville (SP), Victor Bonato é acusado de usar influência religiosa para forçar sexo com fiéis

11:26 | Out. 07, 2023

Por: Cristina Brito
O influencer compartilhou uma declaração em seu perfil do Instagram, onde possui 146 mil seguidores. (foto: Reprodução/Instagram)

Victor de Paula Gonçalves, conhecido como Victor Bonato, de 27 anos, fundador do movimento religioso chamado Galpão, voltado para jovens em Alphaville, bairro nobre de Barueri, na Grande São Paulo, foi preso após denúncias de estupro envolvendo três jovens que frequentavam o local.

As vítimas procuraram a Delegacia da Mulher de Barueri em setembro para relatar que Victor Bonato estaria utilizando sua "influência religiosa" de maneira manipuladora, coagindo-as a manter relações sexuais com ele.

 

Diante de um possível risco de fuga do acusado, identificado pela polícia e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), a Justiça decretou a prisão de Bonato no dia 20 de setembro. Entre as vítimas estão duas estudantes de Medicina, de 19 e 20 anos, e uma empresária de 24 anos.

De acordo com as informações obtidas no inquérito policial pelo site Metrópoles, os crimes teriam acontecido entre janeiro e setembro deste ano, em locais diversos, incluindo a residência de Bonato em Alphaville.

No dia anterior ao registro das denúncias feitas pelas mulheres na delegacia, o influencer compartilhou uma declaração em seu perfil do Instagram, no qual possui 146 mil seguidores.

Na postagem, ele expressava a necessidade de um "arrependimento profundo" e anunciava sua decisão de realizar um "detox de redes sociais".

Após o registro do boletim de ocorrência pelas vítimas e um dia antes de sua prisão, Bonato utilizou novamente as redes sociais para comunicar que estava se "retirando da liderança" do Galpão e planejava "dedicar um tempo para minha cura no Senhor".

No mesmo dia, o Galpão emitiu uma declaração informando que o influencer não estava mais envolvido na liderança do movimento religioso, sem abordar especificamente as acusações de estupro feitas pelas seguidoras.

Uma semana após a primeira publicação, uma nota adicional divulgada pelo Galpão comunicou que o movimento passaria por uma fase de reformulação, suspendendo suas reuniões presenciais, que tradicionalmente aconteciam às terças-feiras.

Essa decisão foi justificada "em razão da apuração dos fatos que estão sendo divulgados e de um novo tempo que Deus está nos direcionando". Novamente, a nota não fez menção a qualquer acusação contra o fundador do movimento.

Prisão de Victor Bonato

A prisão de Victor Bonato foi decretada no dia 20 de setembro e cumprida pela Polícia Civil no mesmo dia. O influencer segue preso desde então. A sentença foi dada pelo juiz Fábio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri.

De acordo com a decisão do juiz, as três vítimas eram frequentadoras assíduas do Galpão em Alphaville e inicialmente conheceram Bonato "como uma pessoa religiosa e íntegra".

Ao longo do tempo, elas "desenvolveram algum grau de amizade" com o influencer, chegando ao ponto de visitar a casa dele, momento em que "ele as abordou com intenções de natureza sexual".

Conforme ressaltado na decisão, duas das vítimas relataram terem sido agredidas durante o ato sexual e coagidas, mediante força, a realizar sexo oral no suspeito.

"Todas as três vítimas afirmaram ter sido persuadidas a aceitar atos libidinosos ou conjunção carnal, influenciadas pela autoridade religiosa do suspeito, que era um dos líderes do grupo, e pela agressividade dele", acrescentou o juiz.

Ao ser questionada pelo site Metrópoles, a advogada Samara Batista Santos, responsável pela defesa de Victor Bonato, divulgou uma nota, na qual menciona que não pode fornecer detalhes específicos sobre o caso devido ao sigilo da investigação. Ela destaca que o influencer evangélico "nega veementemente as alegações contra ele" e ainda não foi interrogado.

A advogada também informou que o investigado emitiu um pedido de perdão publicamente, reconhecendo seu comportamento considerado pecaminoso no âmbito religioso, sem ter conhecimento das acusações judiciais que estão em processo de investigação pelas autoridades competentes. Ela reforçou o respeito pela seriedade das alegações, destacando a importância de proteger os direitos de todas as partes envolvidas no caso.