Demência frontotemporal: saiba o que é a doença que afeta Maurício Kubrusly

Doença é pouco prevalente, porém causa grande impacto na rotina dos pacientes

15:02 | Ago. 21, 2023

Por: Taynara Lima
Jornalista Maurício Kubrusly, de 77 anos, foi diagnosticado com demência frontotemporal (DFT) (foto: Reprodução/Redes Sociais)

O jornalista Maurício Kubrusly, de 77 anos, foi diagnosticado com demência frontotemporal (DFT). O ex-repórter da Globo, conhecido pelo quadro de viagens "Me Leva, Brasil", foi homenageado no programa Fantástico, nesse domingo, 20. A matéria revelou que, atualmente, Kubrusly mora no sul da Bahia e vive com a doença há alguns anos.

O que é demência frontotemporal

A DFT afeta áreas do cérebro e causa a perda gradativa das funções cerebrais, resultando em alterações no comportamento e na fala. De acordo com a médica e neurologista Adriana Barbastefano, as mudanças podem ocorrer logo no início do quadro clínico da doença.

“É uma demência que pode causar episódios de agitação e, às vezes, até agressividade, apatia ou diminuição da motivação, irritabilidade e, no que ela é mais característica, é a questão da linguagem, com dificuldade para falar ou até para compreender, já logo no início do quadro”, apontou.

Apesar da doença, que é a mesma que afetou o ator Bruce Willis, se manifestar de maneira variável de pessoa para pessoa, a especialista afirma que essas transformações causam impactos na rotina do paciente com DFT.

“O grau de comprometimento pode ser variável e o grau de velocidade da piora dos sintomas também, mas não deixa de ter o impacto na vida da pessoa", analisou a médica. "O avanço da doença também é uma questão relativa. Você pode ter pessoas que apresentam um avanço mais rápido, outras que apresentam um avanço mais lento. De qualquer modo, é evidente na maioria dos casos e está presente em maior e menor grau”.

Em alguns casos, o paciente pode se recusar a realizar hábitos de higiene, apresentar agressividade, ter comportamentos compulsivos e dificuldades na comunicação.

Demência frontotemporal: ocorrência e fatores

De modo geral, as demências ocorrem mais em idosos, geralmente a partir de 65 anos, e são doenças que podem ocorrer devido a múltiplos fatores.

A médica Adriana Barbastefano explica que as comorbidades não controladas, como hipertensão arterial, diabetes e obesidade, além do uso abusivo de bebidas alcoólicas, tabagismo e sedentarismo, podem representar riscos de desenvolvimento dos quadros demenciais.

Porém, a especialista também aponta a genética como um dos fatores que também podem influenciar o desenvolvimento da doença, especialmente em pessoas mais jovens, a partir dos 50 anos de idade.

“Se você tem um um parente de primeiro grau - pai, mãe ou irmão com demência - a sua chance pode aumentar. Isso não quer dizer que vai ter, mas é uma questão que pode aumentar a chance. Não dá para dizer que é só a hipertensão arterial, só o tabagismo ou só a genética, são múltiplos fatores, mas todos esses estão envolvidos”, disse.

O diagnóstico é feito a partir de análise do quadro clínico e de um exame que avalia o paciente. O exame de sangue também é realizado para detectar outras doenças que podem influenciar a demência, como anemia, diabetes descompensado, carência de vitamina B12, sífilis e hipotireoidismo.

Os médicos também podem solicitar exames de imagem e laboratoriais para descartar outras patologias.

Tratamento da demência frontotemporal

A doença não tem cura, porém é realizado o tratamento com medicações voltado para conter o avanço da doença e o controle da agitação, irritabilidade e de sintomas depressivos, por exemplo, e melhorar a qualidade de vida do paciente.

“Quando o diagnóstico de uma demência é feito, o paciente inicia uma medicação, para fazer com que isso ocorra de maneira mais lenta e que a pessoa mantenha a qualidade de vida e o contato com os familiares por mais tempo possível”, destaca a neurologista.

Para reduzir as chances de desenvolvimento de demências, Adriana destaca que é necessário ter hábitos saudáveis, como praticar atividades físicas, ter uma boa qualidade de sono, não fumar e realizar o tratamento adequado das doenças bases, em caso de comorbidades.