Segundo Quinalha, o GT terá cinco eixos principais: verdade, memória, justiça, reparação e reforma das instituições. Também está prevista uma ampla participação popular, com realização de audiências públicas em todas as regiões do país. “O próprio processo de trabalho já vai ser uma reparação em si. Então, ele tem que ser feito em conjunto com a comunidade, com o movimento, em diálogo com as entidades, com a participação direta delas. Esta é a maneira como a gente pretende trabalhar. A gente não pretende trabalhar de portas fechadas e depois entregar uma versão da história pronta para a população LGBTQIA+, a gente quer escrever junto com a população”, ressalta.
O principal foco do grupo, de acordo com o presidente, será identificar e tornar oficial as várias violências estruturais e institucionais às quais lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queers, intersexos, assexuais e pessoas de outras designações foram submetidos ao longo da história do Brasil. Entre essas violências estão perseguições policiais e no sistema de justiça brasileiro e operações de limpeza e higienização moral das cidades, que ocorreram, por exemplo, na ditadura militar.
“A gente vai investigar não tanto os casos individuais, mas priorizar violências estruturais, violências institucionais, violências culturais praticadas contra a população. A gente entende que há, na história brasileira desde a colonização até hoje certos padrões que se materializam nas nossas instituições de Estado que apontam para uma LGBTfobia que está institucionalizada”, diz Quinalha.
O grupo de trabalho para esclarecer as violações de Direitos Humanos contra as pessoas LGBTQIA+ na história brasileira foi criado em maio deste ano pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Esta semana foram divulgados os 17 representantes civis que irão compor o GT.
Além de documentarem o que ocorreu até aqui, o GT deverá propor políticas públicas para combater as violências contra a população LGBTQIA+. “A população LGBTQIA+ não tem só que sobreviver. É uma população que tem que ter direitos socias, tem que ter políticas públicas e são elas que a gente quer recomendar. Queremos entender como as políticas públicas vão reparar essas desigualdades e violências do passado que estão se perpetuando nesse presente. Acho que esse é o grande desafio”, diz Quinalha.
O grupo deverá contar ainda com representantes do próprio ministério, do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+; da Assessoria Especial de Democracia, Memória e Verdade, da Assessoria Especial de Comunicação Social, entre outros. Esses membros ainda deverão ser definidos.
Quinalha esclarece que os próximos passos do grupo serão definidos em reunião com todos os membros do GT. O grupo tem um prazo de 180 dias para realizar o trabalho. O presidente antecipa que esse prazo deverá ser prorrogado por mais seis meses, totalizando um ano de trabalho.