Negros estão dez anos atrás dos brancos no ensino médio

Dados são de levantamento do Todos Pela Educação com base em dados do IBGE de 2012 e 2022

Os indicadores de educação para os jovens pretos e pardos são os mesmos que os brancos possuíam há uma década. Levantamento foi feito pela ONG Todos Pela Educação, com base em dados da Pnad-Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, entre 2012 e 2022. Recorte considera adolescentes de 15 a 17 anos que estão cursando ou já concluíram o ensino médio e os jovens de até 19 anos que já finalizaram essa fase.

Enquanto 72,3% dos jovens pretos e 73,5% dos pardos hoje estão no ensino médio, 73% dos brancos estavam matriculados em 2012 e 82,1% estão matriculados atualmente. Em relação ao encerramento da etapa, 61% dos jovens pretos e 62,4% dos pardos de 19 anos a tinham concluído em 2022, porcentagem próxima a que brancos alcançaram em 2012: 62%. 

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Em ambos os indicadores analisados, há um aumento das porcentagens para jovens de todas as raças/cores entre os anos de 2012 e 2022. A partir da análise, é possível observar que houve redução da desigualdade entre os grupos nos últimos dez anos no Brasil. Mas, "desigualdade ainda existe e é preponderante". 

A pesquisa explicita que a desigualdade não diz respeito às capacidades de pessoas negras (soma das populações pretas e pardas).

"Os números revelam o resultado de um ciclo de exclusão desse grupo sub-representado que, no contexto educacional, também é determinado por décadas de ausência de uma Educação para equidade das relações étnico-raciais", avalia a entidade na nota técnica.

Além das questões relativas à desigualdade de raça e cor, o Brasil como um todo ainda tem um logo caminho pela frente para garantir que todos os seus jovens concluam a Educação Básica na idade esperada. Isso porque nem 70% dos nossos jovens finalizaram essa fase dos estudos em 2022.

Para Jackson Almeida, analista de Diversidade, Equidade e Inclusão do Todos Pela Educação, o tema é urgente e as desigualdades escancaram um "abismo" entre as duas realidades. No âmbito da educação,  a década de atraso nos indicadores "mergulha na falta de priorização de políticas intencionais de subsídios a jovens negros – antes, durante e depois dessa etapa".

Ele elenca alguns pontos acelerar o processo: ampliar o diálogo com o poder público para uma aliança maior no combate ao racismo de uma forma sistemática e estratégica, por meio de políticas públicas; formar continuadamente professores, gestores e servidores das secretarias; ações e articulações que cheguem na ponta, ou seja, na sala de aula, com conteúdos de combate ao racismo estrutural.

"Investir em políticas pedagógicas que tragam o respaldo da Educação para as relações étnico raciais é mais uma oportunidade de apresentar aos estudantes negros e negras a relevância da sua ancestralidade, cultura e todo conteúdo histórico para uma formação integral", acrescenta.

Ele destaca que os tomadores de decisão devem colocar no radar de prioridades a criação e implementação de programas que combatam a evasão, o abandono escolar e olhem para a recomposição das aprendizagens. Fatores que intensificou a desigualdade durante a pandemia. 

Com a priorização dessa agenda, conforme Jackson Almeida, "é possível começar uma virada de chave para o que acreditamos ser o início de um caminho para jovens negros entenderem perspectivas diferentes das apresentadas, normalmente, na sociedade".

"Para que eles descubram, alcancem e protagonizem espaços que não estão no radar, inicialmente. E que, dentro da Educação Básica, dentro da escola, tenham ferramentas para acessar esses espaços, com a garantia de participação autêntica", destaca.

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