Mulher negra é expulsa de voo da Gol na Bahia

Acusada de racismo, Gol alega que medida foi tomada porque passageira se negou a despachar bagagem de mão

Um vídeo postado nas redes sociais na noite de ontem mostra uma mulher negra sendo conduzida para fora de um avião da Gol na Bahia. Antes disso, um debate caloroso entre ela e o comissário de bordo envolveu parte dos passageiros, que defenderam não decolar sem a mulher e falaram em racismo pela companhia aérea.

Identificada como Samantha pelos apresentadores de TV Manoel Soares e Rita Batista, os quais compartilharam o vídeo em seus perfis pessoais, a passageira afirmou que se negou a despachar sua bagagem de mão porque tinha um notebook dentro da mochila e temia pela quebra do equipamento.

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"Se eu despachasse o meu laptop, ficaria aos pedaços. Os comissários não moveram um dedo para me ajudar. Quem me ajudou foi esse senhor e essa senhora, que em três minutos, a gente conseguiu dar um jeito de colocar minha mochila. Pelo contrário, os comissários falaram para mim que, se a gente pousasse em Guarulhos, a culpa seria minha porque eu não queria despachar. Ele teve a coragem de falar isso para mim. A culpa não é porque o voo está mais de 2 horas atrasado, seria minha, vocês acreditam? Sendo que faz mais de 1 hora que eu coloquei a mochila aqui e mesmo assim o voo não decolou", conta Samantha no vídeo.

Em seguida, seguranças dizem a ela que a decisão de tirá-la do avião foi do comandante. Passageiros manifestam a intenção de desembarcar junto com Samantha. Mas isso não acontece. Também nas redes sociais, o apresentador Manoel Soares diz que dois advogados prestaram apoio à passageira expulsa do voo na delegacia do Aeroporto de Salvador.

O que a Gol diz?

Ao O POVO, a Gol Linhas Aéreas afirmou que a decisão de expulsar a passageira do voo G3 1575 (Salvador - Congonhas) foi tomada porque ela não quis despachar a bagagem de mão. Mas não comentou a fala de Samantha de ter conseguido colocar a mochila e só depois de 1 hora ter sido expulsa.

"Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma Cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo", diz a companhia em nota.

Despacho da bagagem de mão é obrigatório?

Casos como o de Samantha têm se tornado comuns nos voos nacionais. Quando as empresas identificam um espaço incapaz de armazenar todas as malas de mão levadas pelos passageiros, os comissários informam, já no momento do embarque, que eles deverão despachar essa bagagem de forma gratuita.

Isso porque a cobrança pelo despacho acontece desde março de 2017, a partir da publicação da a Resolução nº 400 da Agência Nacional de Transporte Aéreo (Anac). Apenas malas de até 10 quilos e com medidas estabelecidas pela companhia podem ser embarcadas junto com os passageiros.

No entanto, a resolução da Anac não diz se é obrigatório despachar as bagagens nestes casos de exigência pelas companhias aéreas.

Em 2019, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, notificou a Gol e a Latam por as empresas pressionarem os passageiros com bagagens de mão dentro do padrão exigido. Mas nenhum desdobramento sobre a legislação foi feito.

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