Após multar influenciador, Ibama afirma que a retenção de animais silvestres é proibida
Em suas redes sociais, Agenor Tupinambá afirma que o órgão também ordenou que a espécie seja entregue à autoridades ambientaisApós vídeos seus com uma capivara silvestre varrerem a internet, o tiktoker Agenor Tupinambá foi multado pelo Ibama em mais de R$ 17 mil e denunciado por suspeita de abuso, maus tratos e exploração animal. O caso ganhou repercussão e levantou dúvidas sobre o que diz a legislação brasileira a respeito da proteção à espécie em questão.
O influenciador postou, na última terça-feira, 18, um vídeo em que informa sobre a decisão tomada pelo Ibama. “Fui notificado para excluir todos os vídeos da minha rede social. Outra coisa é que tenho seis dias para entregar a Filó [a capivara] para eles [Ibama]”, afirmou Tupinambá.
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À CNN Brasil, a assessoria do tiktoker apontou que o órgão federal notificou-o pela manutenção, sem autorização de autoridades ambientais, de espécimes pertencentes à fauna silvestre em sua residência — além da capivara, outros animais foram encontrados com o influenciador. De acordo com a emissora, o Ibama intimou Tupinambá pela “exploração da imagem de animal silvestre mantido em situação de abuso e irregularmente em cativeiro”.
Em nota, o Ibama ressalta que a retenção de animais silvestres em residências é proibida — uma vez que essas espécies estão acostumadas ao habitat em que nasceram e se desenvolveram. “Por mais que algumas pessoas queiram cuidar de animais silvestres, quando os encontram na natureza, é necessário entender que eles não são animais domésticos, como cães e gatos”, aponta o órgão.
O Ibama informa que autuou Tupinambá tendo como base o Decreto nº 6.514/2008, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998).
Capivaras no Ceará
Nativas do Cerrado brasileiro, as capivaras foram consideradas extintas do ecossistema cearense em 1973, pelo cientista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Melquíades Pinto Paiva. No entanto, a espécie voltou a ser avistada em determinados pontos do território estadual.
Registros recentes mostram capivaras na Região Metropolitana de Fortaleza e até mesmo em bairros da Capital. No entanto, o aparecimento desses animais não está vinculado à sua natividade, como explicou ao jornalista Demitri Túlio, do O POVO, o biólogo Hugo Fernandes, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e coordenador Científico da Lista da Fauna Ameaçada do Estado/ Sema.
“Não tem nenhuma investigação e ela volta a aparecer no começo da década de 2000, mais ou menos, no Aquiraz. Essa população é fruto de uma soltura de uma fazenda ou chácara que existe por ali. É uma informação que o próprio Ibama confirmava, é uma história bem conhecida entre os mastozoólogos e entusiastas da fauna no Ceará”, apontou Fernandes.