Saiba o que significa "racismo religioso", sofrido por Fred Nicácio no BBB 23
Participante Fred Nicácio foi alvo de comentários discriminatórios ao expressar seu culto religioso no programaO termo “racismo religioso” ganhou holofotes nas redes sociais após o médico e participante do programa Big Brother Brasil (BBB), Fred Nicácio, afirmar que iria acionar juridicamente três competidores do reality após ter a sua religião violada.
Nicácio foi alvo de intolerância religiosa após ser observado realizando uma oração do culto de Ifá. Na ocasião, um dos membros da casa afirmou que poderia abandonar a competição caso visse o médico a expressar a sua devoção novamente, enquanto outros envolvidos teceram comentários de cunho discriminatório.
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Instantaneamente, uma enxurrada de menções sobre o acontecido foi observada em diferentes redes sociais. Espectadores apontaram para a prática de intolerância religiosa no programa e especularam sobre a possibilidade dos envolvidos serem enquadrados criminalmente.
A punição para quem destila preconceito contra a opção religiosa de qualquer pessoa foi endurecida em janeiro — isto porque uma lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo foi sancionada pelo Governo Federal. A pena para quem comete o ato pode chegar a cinco anos de detenção.
No cenário cearense, dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS) fornecidos ao O POVO em fevereiro deste ano apontam que, em 2022, 171 ocorrências de raça e de cor foram registradas no Estado — número 54% superior ao observado em 2021.
O professor universitário Rogério Silva, autor do livro “Política e Fé: o abuso do poder religioso eleitoral no Brasil”, afirma que o crime de intolerância tem raízes estabelecidas pela sociedade e esboça um quadro de possíveis medidas que podem ser tomadas a fim de contornar o problema.
Na visão do docente, a expressão "racismo religioso" é vinculada à prática de intolerância contra etnias raciais e religiosas. O movimento, de acordo com ele, é causado “por um problema de tradição e de um racismo estrutural observado na sociedade”.
“No caso do Brasil, se aproxima muito [o racismo] das religiões de matriz africana. Muitas religiões podem sofrer com assédio moral e estigmatizante por causa de seu caráter étnico”, afirma o professor.
Uma das formas de combater este cenário, defende Silva, é a implementação de políticas públicas e a prevenção por meio da educação. A formação de núcleos de informação especializados para trabalhar a situação de forma estrutural também foi sublinhada. "As práticas preventivas são otimizadas porque você esclarece, por exemplo, o contexto do pluralismo religioso. A Constituição diz que deve haver o ensino pluralista".
A implementação da Delegacia de Repressão aos Crimes por Descriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrim) foi saudada como um importante passo tomado em direção a frear as práticas observadas em direção às religiões vulneráveis.
A unidade, afirma o professor, é um importante instrumento para assegurar que comunidades e minorias não sejam mais alvo de intolerância e de problemas inter-religiosos.
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