Mulher é internada em UTI com edema cerebral após cheirar vidro de pimenta; entenda reação

Jovem ficou internada por mais de 20 dias e pode ter sequelas motoras. Alergologista explica as reações alérgicas

Uma mulher, identificada como Thaís Medeiros de Oliveira, de 25 anos, foi internada em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) após cheirar um vidro de pimenta-bode (Capsicum chinense), em Anápolis (GO).

O namorado de Thaís, Matheus Lopes de Oliveira, relatou ao UOL que, após o almoço, a jovem estava na cozinha conversando com a família dele sobre pimentas, quando levou o tempero ao nariz para cheirar e começou a passar mal, ficando sem ar.

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Segundo Matheus, Thaís chegou a desmaiar no caminho do Hospital Evangélico de Anápolis e ficou sem pulsação. Os médicos realizaram o trabalho de reanimação por cerca de oito minutos, tempo em que a jovem ficou sem oxigenação no cérebro, resultando em um edema cerebral.

O caso ocorreu no dia 17 de fevereiro, e a jovem foi transferida e internada em estado grave na Santa Casa de Anápolis.

Jovem internada após cheirar pimenta: o que causou reação?

De acordo com a alergologista Fabiane Pomiecinski Frota, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia do Ceará (ASBAI-CE), a jovem teria sofrido anafilaxia, a reação mais grave de uma alergia. A anafilaxia acomete órgãos e sistemas, sendo potencialmente fatal depois que o paciente entra em contato com alguma substância a qual é alérgico.

A especialista afirma que é necessário uma atenção redobrada quando os sintomas da reação afetam os sistemas respiratório e cardiocirculatório.

“Os sintomas de anafilaxia podem ser manchas na pele, inchaços, vômito, tosse, falta de ar, sensação de sufocamento e dificuldade para respirar. O paciente também pode ter os sintomas que devem ter mais atenção, que são os sintomas cardiocirculatórios, quando o paciente fica com tontura, visão turva, e pode desmaiar e perder a consciência. Sintomas respiratórios e cardiocirculatórios costumam ser mais graves do que quando o paciente só tem sintomas de pele ou gastrointestinais”, pontuou.

A reação alérgica pela ingestão é comum, porém há a possibilidade de ocorrer pelo contato ou inalação. A médica apontou que qualquer alimento pode causar alergia, mas destacou que os mais comuns são leite, ovo, soja, trigo, peixes, crustáceos e castanha.

A alergologista também explicou que os cofatores — que podem desencadear a alergia — podem potencializar a reação. No caso específico de Thaís, ela tinha um quadro de asma crônica e estava com pneumonia no dia do ocorrido.

“Essa paciente tinha dois fatores de risco para complicar a reação. Se ela tivesse cheirado a pimenta em um dia em que ela não tivesse com um quadro infeccioso e com a asma controlada, por exemplo, ela teria uma chance menor de uma reação tão ruim.”

Reações alérgicas graves: cofatores aumentam riscos

São chamados cofatores as condições que podem potencializar as reações alérgicas. Além da asma, que aumenta em até sete vezes o risco de uma anafilaxia grave e até fatal, outros cofatores são viagens, jejum, período pré-menstrual e o uso de anti-inflamatório não hormonais.

Com relação ao tratamento, a alergologista Fabiana Pomiecinski afirma que, em caso de pacientes asmáticos, usar antialérgico e bombinha de ar é o correto a ser feito, porém a médica cita que a caneta de adrenalina autoinjetável é fundamental.

“O que mata o paciente com alergia alimentar é o retardo na aplicação da adrenalina autoinjetável. Não está disponível no Brasil, pois a caneta é importada e isso complica muito a vida dos alérgicos. Todos os pacientes que têm alergia alimentar, ou de outro tipo, e já tiveram reações graves devem andar com a caneta de adrenalina”, completa.

Nesta semana, Thaís recebeu alta da UTI e foi transferida para um quarto. A família da jovem criou uma vaquinha on-line para cobrir os gastos do hospital particular onde Thaís foi internada inicialmente, além de gastos com medicamentos e reabilitação.

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