Âncora de telejornal pernambucano relata caso de racismo em shopping

"A vendedora olhou para mim e perguntou se eu era entregador do Rappi", relatou o jornalista e âncora do telejornal NE1, Pedro Lins

22:28 | Jan. 05, 2023

Por: Bruna Lira
Pedro Lins, âncora do telejornal NE1, da Rede Globo, é vítima de racismo em shopping de Recife (foto: Reprodução/Instagram)

O jornalista Pedro Lins, âncora do telejornal NE1, da Rede Globo, relata caso de racismo estrutural quando estava em uma loja do Shopping Recife, na Zona Sul, nessa quarta-feira, 4. Nas redes sociais, Pedro relata ter ido ao local para comprar um presente para uma amiga, quando uma vendedora o abordou perguntando se ele era o entregador de um serviço de delivery.

Em vídeo publicado em seu perfil do Instagram após o episódio, o âncora conta como reagiu a situação. “Acabei de entrar aqui numa loja do Shopping Recife e a vendedora olhou para mim e perguntou se eu era entregador do Rappi. Aí eu falei: ‘Não, vim aqui comprar. Mas se o pagamento for bom, quem sabe eu faça esse extra’”, disse Pedro.

No Twitter, Pedro também relatou o ocorrido. “Vocês sabem o nome disso, né?”, escreveu, fazendo menção à atitude da vendedora. O âncora do telejornal recebeu apoio de colegas, seguidores e da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB).

“Minha solidariedade ao jornalista Pedro Lins, alvo de atitude racista em um shopping de nossa capital. Infelizmente ainda presenciamos isso em pleno século XXI. Não podemos mais admitir que atos racistas aconteçam a nenhum pernambucano ou pernambucana. Contem comigo nesta luta!”, publicou a governadora.

Em nota, o Shopping Recife informa que tomou conhecimento do episódio, ocorrido em uma de suas lojas, por meio das redes sociais. "O centro de compras lamenta o fato e reforça que este tipo de conduta não condiz com os valores do equipamento, reafirmando o seu compromisso em receber todos os seus clientes com respeito e igualdade", diz o comunicado.

Racismo estrutural

O caso de Pedro é caracterizado como racismo estrutural. Em entrevista ao O POVO em setembro de 2022, a coordenadora de Igualdade Racial da Academia Cearense de Direito, Fernanda Estanislau, explica que essa violência se trata de um racismo já naturalizado como elemento nas relações sociais e que não é mais reproduzido necessariamente por um processo racionalizado com a “intenção” de discriminar.

“Porém, os efeitos agravam uma estrutura de exclusão e morte de pessoas negras, além de terem efeitos devastadores para as vítimas, que são reiterada e sistematicamente afetadas por esse comportamento discriminatório”, destaca a coordenadora.

Ao G1 Pernambuco, o jornalista Pedro Lins declara que se sentiu constrangido com a situação na loja. "Você se sente constrangido. É como se você não tivesse condições de estar ali. Não tem nenhum problema em você ser entregador, a grande questão nisso é você ser colocado em uma condição de subalternidade", declarou o jornalista, que não quis revelar o nome da loja, mas informou ter comunicado ao shopping para que realizem treinamento com os funcionários — assim, evitando que a situação volte a se repetir.